Um dia, conta Eduardo Prado Coelho (EPC)
no diário que escreveu durante os anos em que foi conselheiro cultural na
Embaixada portuguesa em Paris, um amigo disse-lhe, tendo lido os seus textos,
que os leitores iriam pensar que não fazia mais nada "senão ler, ouvir
música, ir ao teatro e ao ballet..." A resposta definia, de uma assentada,
esses que assim pensassem e o próprio ensaísta: "Imbecis - medem o tamanho
dos dias pela dimensão das suas cabeças".
A cabeça de Eduardo, ou o modo como ele
deixou que fosse lida, está em discussão hoje e amanhã na Fundação Gulbenkian
que acolhe um colóquio dedicado àquele que, escreveu Eduardo Lourenço quando
Prado Coelho morreu, em 2007, foi "o mais lido dos nossos intelectuais
"inorgânicos", o mais influente, sobretudo depois que se tornou o
comentador do nosso quotidiano".
Organizado pelo Centro de Estudos sobre o Imaginário Literário e o Observatório
Político, reúne amigos e leitores, num exercício que tentará definir as
estruturas desse "edifício da alegria" - assim se chama o colóquio -
que era o prazer hedonista de "ter na palavra a acção". A expressão é
do amigo, cúmplice e, muitas vezes, crítico António Mega Ferreira, um dos
convidados, para quem Prado Coelho era "um pensador urbano", com
"uma abertura ao presente e ao futuro" que nos ensinou a viver sem
nostalgia.
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