quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Eduardo Prado Coelho, aquele que escrevia para nós e nós não sabíamos

Um dia, conta Eduardo Prado Coelho (EPC) no diário que escreveu durante os anos em que foi conselheiro cultural na Embaixada portuguesa em Paris, um amigo disse-lhe, tendo lido os seus textos, que os leitores iriam pensar que não fazia mais nada "senão ler, ouvir música, ir ao teatro e ao ballet..." A resposta definia, de uma assentada, esses que assim pensassem e o próprio ensaísta: "Imbecis - medem o tamanho dos dias pela dimensão das suas cabeças".

A cabeça de Eduardo, ou o modo como ele deixou que fosse lida, está em discussão hoje e amanhã na Fundação Gulbenkian que acolhe um colóquio dedicado àquele que, escreveu Eduardo Lourenço quando Prado Coelho morreu, em 2007, foi "o mais lido dos nossos intelectuais "inorgânicos", o mais influente, sobretudo depois que se tornou o comentador do nosso quotidiano".

Organizado pelo Centro de Estudos sobre o Imaginário Literário e o Observatório Político, reúne amigos e leitores, num exercício que tentará definir as estruturas desse "edifício da alegria" - assim se chama o colóquio - que era o prazer hedonista de "ter na palavra a acção". A expressão é do amigo, cúmplice e, muitas vezes, crítico António Mega Ferreira, um dos convidados, para quem Prado Coelho era "um pensador urbano", com "uma abertura ao presente e ao futuro" que nos ensinou a viver sem nostalgia.

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