sábado, 24 de novembro de 2012

Cinema: Operação Outono

Um assassínio no antigo regime
O cinema português precisa de mais filmes como Operação Outono. E como Camarate, de Luís Filipe Rocha. E como 20,13, de Joaquim Leitão. E como Assalto ao Santa Maria, de Francisco Manso. Filmes que falem de acontecimentos, factos e personagens da nossa história recente, da política e da guerra de África, do antigo regime e do pós-25 de Abril, de momentos-chave, convulsões, controvérsias e figuras da vida coletiva portuguesa contemporânea. Filmes isentos ou que tomem partido.
Em Operação Outono, que se apoia na biografia de Humberto Delgado da autoria do seu neto, Frederico Delgado Rosa, Bruno de Almeida recorda o assassínio do general pela PIDE, na Espanha, a 13 de fevereiro de 1965, os preparativos da operação e o julgamento, em 1981, dos envolvidos que foram capturados após o 25 de Abril.
É um filme que rejeita a tese de envolvimento do PCP no crime, através de um agente duplo na PIDE (à altura, o insuspeito Henrique Galvão publicou no Estado de São Paulo, um artigo onde dizia que o crime só servia objetivamente aos comunistas, e manteve essa convicção até à morte) e que acredita que Salazar deu pessoalmente ordem para Delgado ser morto, questões que ainda dividem águas. Bruno de Almeida realiza o filme como se o estivesse a rodar na altura dos acontecimentos, sem preocupações de fazer "bonito", de limar esta ou aquela aresta.

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