quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Cinema: Um ano de Antónios

Das cartas de guerra de António Lobo Antunes, por Ivo Ferreira, à apropriação alegremente obscena, por João Pedro Rodrigues, da figura de Santo António de Lisboa: entre os dois Antónios, os portugueses que veremos em 2016.
Por estes dias já se sabe que o alferes António Lobo Antunes foi destacado para o Festival de Berlim: Cartas da Guerra, de Ivo Ferreira, é o filme português que se apresenta na competição de longas-metragens. “Adapta”D’este viver aqui neste papel descripto: Cartas da Guerra. Isto é, filma a partir das cartas que um jovem médico – 28 anos – com sonhos de escritor mas atirado para a guerra colonial em Angola, para onde fora destacado após a conclusão do curso de Medicina (comissão de serviço 1971-1973), escreveu à mulher grávida que deixara em Lisboa.
O “adapta” vem entre aspas porque, visto daqui, Cartas da Guerra mostra-se como projecto singular sobre o qual talvez não seja adequado facilitar com as bengalas do costume: parte do livro que as filhas do escritor, Maria José Lobo Antunes e Joana Lobo Antunes, editaram (em 2007) com as cartas que o pai escrevera à mãe de ambas, constitui o passado biográfico de quem não só ainda pertence ao mundo dos vivos como se agigantou na esfera pública (personagem interpretada pelo actor Miguel Nunes) e é material de que um realizador se quis apropriar. 

Sem comentários: