segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Há livros que nos podem fazer mal?

Há um movimento de estudantes universitários norte-americanos a pedir que os protejam dos conteúdos de alguns livros que consideram perigosos. Em causa estão sobretudo clássicos da literatura grega e romana. A psiquiatra Manuela Correia fala em "infantilização" da sociedade.
Em Lisístrata, comédia do ano 411 a.C., o dramaturgo grego Aristófanes põe na voz de uma mulher um apelo à paz: enquanto durar a guerra entre Atenas e Esparta, as atenienses recusam ter sexo com os seus maridos. O livro seria pouco depois proibido naquela que é uma das primeiras censuras literárias do Ocidente. Perigoso por propor uma alteração à norma de comportamento.
Muitos séculos depois, noutro país também do Ocidente, um grupo de estudantes universitários pede para que alguns clássicos da literatura, sobretudo da antiguidade grega e romana, que fazem parte dos programas curriculares, surjam com uma advertência na capa, chamando a atenção para o “perigo” para o “bem-estar mental” que representam os seus conteúdos, potencialmente causadores de sofrimento, trauma ou angústia.
Metamorfoses, do poeta latino Ovídio, é uma das obras que esses estudantes consideram conter “matéria perigosa”. O poema dividido em 15 livros é tido como um dos livros mais influentes da cultura e civilização ocidentais, e narra a transformação exercida pelo tempo no homem e na sua história, cruzando ficção e realidade, e apresentando os mitos como essenciais na evolução humana. 


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