segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Carmen Miranda é uma emigrante como as outras: voltou à terra em Agosto

Antes de a levar ao Brasil, o Real Combo Lisbonense tinha de a trazer aqui: Várzea de Ovelha, o lugar onde a rapariga dos chapéus tutti-frutti nasceu e foi baptizada. Um baile popular, para ela matar saudades da terra, para a terra matar saudades dela.

Carmen Miranda viajou muito, mas não o suficiente para voltar ao lugar onde nasceu a 9 de Fevereiro de 1909 e de que saiu com apenas dez meses para se abrasileirar, primeiro, e americanizar, depois.
Mas o que faria ela em Várzea de Ovelha, lugar onde então não havia – continua a não haver – avenidas, Copacabana, arranha-céus e estúdios de cinema com estrelas (ela diria stars, embora tenha sido sempre mais fiel a “eu te amo” do que a “I love you”) do tamanho e do sarcasmo de Groucho Marx? Mais grave: onde arranjaria ela bananas e ananases para os seus chapéustutti-frutti e, sobretudo a sua palavra inglesa favorita, “money, money,money”, bem de primeira necessidade cuja escassez continua a alimentar sucessivas vagas de emigração em todo o concelho de Marco de Canaveses (embora já não para o Brasil, como foi tradição passada de pais para filhos e de avós para netos)?


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