sábado, 1 de dezembro de 2012

Pedro Filipe Marques, um cineasta a crescer

“A Nossa Forma de Vida”, documentário de Pedro Filipe Marques, vem somando prémios internacionais, depois da consagração no Doclisboa 2011.

D. Fernanda, Sr. Armando, um veterano comunista e a mulher, oito andares acima do solo, no Porto. E um “fantasma”, o neto, Pedro Filipe Marques. Que se esforça por permanecer invisível com a câmara dentro do apartamento dos avós. Pedro fê-lo durante três anos, entre 2007 e 2011, cansado de forçar a ficção quando, afinal, tinha à disposição a realidade, uma parte da memória familiar.

“A Nossa Forma de Vida” começa por se parecer com um retrato pícaro de duas “personagens”. Mas aquela torre de apartamentos no Porto vai-se revelando uma barricada: separando um mundo, “lá dentro”, de regras próprias onde os outros não têm lugar e onde se reinventa de forma poderosa o que se passa “lá fora”... Afinal, há ali mais presenças invisíveis para além do neto cineasta. Cujo trabalho, na verdade, é estar atento e captar todas as manifestações de possibilidades. E assim possibilitar ao espectador o mergulho na ficção que o mundo incentiva.

Algures, em “A Nossa Forma de Vida”, também se tacteia a morte. Não há como escamoteá-lo. Há qualquer coisa de veemente na fragilidade de Armando/Fernanda. Diz-nos que a "velhice" talvez seja uma zona de verdade: põe-nos em contacto com o grande nada.

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