quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

"Aniki-Bobó" estreou-se há 70 anos

 

Há 70 anos, chegava às salas de cinema a primeira longa-metragem de ficção de um jovem realizador semidesconhecido. Os ataques violentos que sofreu não fariam supor a glória de que hoje desfruta.
Habituada ao folclore ruralista e à exaltação nacionalista dos filmes do Estado Novo, a crítica (ou, pelo menos, a sua ala conservadora, maioritária) não deixou passar em claro a estética arrojada de "Aniki-Bobó".
"Subversivo, "imoral", "verdadeira monstruosidade" e "infame cilada" foram alguns dos 'mimos' com que foi brindada a película que começou por chamar-se "Corações pequeninos" e "Gente miúda", em homenagem aos miúdos da Ribeira do Porto que protagonizam o filme.
Para Manoel de Oliveira, então com 34 anos, os contornos do caso não poderiam ser mais coincidentes com o verificado 11 anos antes. O não menos marcante "Douro, faina fluvial" foi pateado pela plateia durante o V Congresso da Crítica, apesar do imediato apoio que obteve de figuras como José Régio ou Adolfo Casais Monteiro.
Se a crítica desconfiou do filme, a reação do público não foi muito diferente. Apesar da intensa campanha publicitária, "Aniki- Bobó" esteve em cartaz apenas cinco semanas, período invulgarmente curto numa época em que era comum o mesmo filme ser exibido meses a fio.

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