sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Hoje: Exposição A minha alma em Lisboa, no Centro Português


Esta noite, 19 horas, o IPC apresenta a exposição A minha alma em Lisboa, com fotografias do artista Héctor Vivas. No texto que transcrevemos a seguir, podemos ter uma primeira apreciação do valor deste trabalho e de como a capital portuguesa enfeitiçou o fotografo Vivas.

A Lisboa chega-se para nela se deixar a alma. Nas suas ruas empinadas, nos seus eléctricos, nas telhas das suas casas sempre a olharem o mar. Nas suas avenidas calcetadas capazes de harmonizar com uma modernidade que insiste em instalar-se na cidade sem a privar do seu passado. Na poesia de Pessoa, capaz de transformar em versos esse enigma metafísico que é a capital portuguesa, a qual, segundo a mitologia, foi fundada pelo próprio Ulisses, o d’A Odisseia.
Como quer que se que entrelace a textura da sua história, Lisboa é sempre possível de descobrir, descobrir e redescobrir, pois aquele que a caminha encontra muito de si mesmo nesta cidade que não sucumbiu aos males das grandes urbes contemporâneas.
Sem importar o portento arquitectónico das suas construções recentes, sempre, sempre, há uma janela enfeitada de flores, um muro recoberto de belos azulejos, um imponente mosteiro de estilo renascentista, um café acolhedor ou o embriagante e inesperado acorde de algum fado de Amália Rodrigues para que Lisboa produza a sua magia: instalar-se na alma de quem a recorre como se se tratasse ainda de outro surco aberto pelas águas gentis do rio Tejo.
Deixa-se um pedaço da nossa alma em Lisboa porque um pedaço de Lisboa fica na nossa alma, inevitável e maravilhosamente. As fotografias de Héctor Vivas são disso prova, na medida em que reflectem uma aproximação visual da cidade que transcende o turístico para mostrar um olhar fascinado por esta cidade que poetizaram Pessoa e Camões, que já foi ficcionada, documentalizada, que uma vez visitada, jamais é esquecida.


Juan Antonio González

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