segunda-feira, 2 de maio de 2016

Portuguesas escritoras antes do século XIX

Escreveram às escondidas, de forma discreta ou sob pseudónimo, porque a sua condição feminina as impedia de ser pouco mais do que esposas e mães. Durante quatro séculos foram muitas as que ousaram escrever e pensar. Mas esta literatura permanece esquecida

     Rainhas, princesas, damas da corte, freiras que viviam nos conventos, todas tinham em comum o raro privilégio de ter algum acesso ao conhecimento, domínio absoluto dos homens. Sabiam ler e escrever, recebiam uma instrução limitada, vigiada e adequada ao papel de mães e esposas, aos deveres religiosos; funções que mais precisavam da graciosidade do que da inteligência. Porém, neste ambiente discreto e controlado, muitas aventuraram-se a pegar na pena e a escrever o que pensavam. E escreveram muito: biografias, novelas, prosa mística, trocaram cartas, fizeram poesia, traduções. Os nomes destas autoras que produziram milhares de textos, entre os os séculos XVI e XVIII, permanecem, na sua maioria, esquecidos na história da literatura portuguesa. Até agora eram  pouco mais de vinte as que lá figuravam, mas uma investigação pelos arquivos nacionais conduzida por Vanda Anastácio, professora de literatura da Universidade Nova de Lisboa, revelou mais de mil mulheres escritoras Uma pequena amostra desse levantamento está reunida na obra “Uma Antologia Improvável – A Escrita de Mulheres”, publicada em 2014.    A autora fala de alguma das mulheres que fazem parte deste universo literário feminino. Entre elas está a infanta D. Maria, filha de  D. Manuel I,  princesa do renascimento que do seu paço fez um centro de cultura, onde as mulheres mais cultas da sociedade quinhentista se reuniam para falar de livros e de arte. Outra referência, figura marcante da cultura do século XVIII, é Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre. A  marquesa de Alorna, neta dos marqueses de Távora, a família acusada pelo Marquês de Pombal de atentado contra o rei D. José,  era reconhecida pelos seus  dotes literários, musicais e nas artes plásticas. Vamos conhecê-las melhor.


Sem comentários: