segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Botto heterónimo de Pessoa?



Em 1922 e 1923, Pessoa saiu em defesa do seu amigo António Botto. Publicou-lhe uma segunda edição das Canções e escreveu manifestos em defesa da sua confessa homossexualidade. Num deles, elevou as justificações ao nível de uma estética com raízes na Grécia clássica, sublinhando que a arte se justificava pelo seu alcance estético e não pela adopção de morais de valor fugaz e burguês – “Quantas obras de Arte não se teriam de banir se nela se exigisse a mais burguesa moralidade!” 

Noutra ocasião, Álvaro de Campos, heterónimo de Pessoa, pôs em causa essa mesma argumentação – fundada na estética e na referência aos gregos – para afirmar que era pela própria frontalidade da acção, por uma espécie de virilidade homossexual, que Botto tinha de ser respeitado.

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