quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Saramago ou a Literatura como Heterodoxia


1.Questão prévia: o que leva a que um escritor com o prestígio e com a relevância histórico-literária de José Saramago se envolva, à beira de cumprir 87 anos, numa querela como a que o romance Caim desencadeou? Resposta clara: uma constante e militante vocação para desassossegar imagens feitas, representações cristalizadas e mitos (aparentemente) inatacáveis. Assim tem sido com José Saramago, ao longo de uma vida literária de muitas décadas; e assim tem sido quando, para o escritor, estão em causa figuras históricas, poderes públicos, religiões e suas contradições, derivas políticas ou episódios que envolvem a nossa identidade e o nosso destino colectivos. Deste ponto de vista, ninguém, goste ou não de Saramago, negará ao autor do Memorial do Convento uma coragem que vai de par com a recusa à acomodação que para outros seria mais conveniente.

Artigo completo de Carlos Reis. Professor universitário e especialista queirosiano. Entre outros títulos, é doutor honoris causa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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