domingo, 9 de outubro de 2011

Nobel! Aconteceu há dez anos...

A 8 de Outubro de 1998, quando estava a ponto de embarcar, uma assistente de bordo comunicou a José Saramago que lhe havia sido atribuído o Prémio Nobel de Literatura. O escritor abandonava Frankfurt após ter assistido a algumas sessões na feira do livro. De bagagem ligeira, como sempre viajou, com a sua pequena mala e a sua gabardina, José Saramago fez o caminho de regresso ao terminal por um corredor deserto. Ali, durante uns minutos, um homem só, sem possibilidade de comunicar com ninguém, fez-se a pergunta que explica quem era e de que matéria estava feito: “Tenho o Prémio Nobel e quê?”.
Nesse corredor do aeroporto de Frankfurt, José Saramago relativizou também o maior galardão que um escritor pode receber. Por isso, cumpridas as suas obrigações de laureado, regressou à escrita com o seu livro mais cruel para com a sociedade que habitamos: A Caverna. E após este, outros dez livros, uma biblioteca redonda, que manifestam a vontade criadora e a força de José Saramago, o homem que alheio ao que se passava ia com a sua pequena mala e a sua gabardina a caminho de casa, quando se lhe cruzou a Academia Sueca com o Prémio Nobel para a imaginação, a compaixão e a ironia. Para José Saramago.

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