sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Luís Miguel Cintra, ator em modo de despedida
Luís Miguel Cintra quis encenar “o último espetáculo
de uma era”. Mas “Hamlet” não é apenas um passo arriscado. É um ponto final. E
um começo. Como afirmou no sábado à noite, no palco da Cornucópia, é ainda uma
despedida, como ator. Para quem não viu, ainda há tempo: entre 23 de outubro e
15 de novembro, o espetáculo volta a Almada, e apresenta-se no Teatro Joaquim
Benite.
Antes da estreia de “Hamlet”, de
William Shakespeare, Luís Miguel Cintra confessava, após mais uma sessão de
ensaios, “a atração pelo abismo, a tentação do risco”. Não no mau sentido,
daquele que já não tem esperança, e só espera destruir-se. Mas no de que é no
desconhecido que se encontram novos sentidos, ou de que é no passo arriscado,
que nos atira para fora de pé, que a arte acontece. De outra forma não podia
ser. Luís Miguel Cintra nunca deixou de se desafiar: “Não quero ter o que já
tenho”.
O fundador
da Cornucópia entregou o papel de Hamlet, personagem pela qual atores em
qualquer parte do mundo são capazes de lutar uma vida inteira, a um
principiante, de 22 anos (Guilherme Gomes), na certeza de que a “sensatez é
triste companhia” e que dos “tristes não reza a história”. Escolheu para si o
papel de 1º ator do grupo de teatro que o príncipe da Dinamarca contrata para
revelar à rainha, mãe de Hamlet, a verdade (ou seja, o assassinato do Rei pelo
seu novo marido); e ainda a personagem de Luciano e de 3º coveiro que aparece
no final para enterrar Ofélia.
Expresso. http://expresso.sapo.pt/dossies/diario/2015-10-19-Luis-Miguel-Cintra-ator-em-modo-de-despedida-
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