quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Dia 23, às 19 horas no Centro Portugues...
O IPC apresenta a exposição A minha alma em Lisboa,
com fotografias do artista Héctor Vivas. No texto que transcrevemos a seguir, podemos
ter uma primeira apreciação do valor deste trabalho e de como a capital
portuguesa enfeitiçou o fotografo Vivas.
A Lisboa chega-se para nela
se deixar a alma. Nas suas ruas empinadas, nos seus eléctricos, nas telhas das
suas casas sempre a olharem o mar. Nas suas avenidas calcetadas capazes de
harmonizar com uma modernidade que insiste em instalar-se na cidade sem a
privar do seu passado. Na poesia de Pessoa, capaz de transformar em versos esse
enigma metafísico que é a capital portuguesa, a qual, segundo a mitologia, foi
fundada pelo próprio Ulisses, o d’A Odisseia.
Como quer que se que
entrelace a textura da sua história, Lisboa é sempre possível de descobrir,
descobrir e redescobrir, pois aquele que a caminha encontra muito de si mesmo
nesta cidade que não sucumbiu aos males das grandes urbes contemporâneas.
Sem importar o portento
arquitectónico das suas construções recentes, sempre, sempre, há uma janela
enfeitada de flores, um muro recoberto de belos azulejos, um imponente mosteiro
de estilo renascentista, um café acolhedor ou o embriagante e inesperado acorde
de algum fado de Amália Rodrigues para que Lisboa produza a sua magia:
instalar-se na alma de quem a recorre como se se tratasse ainda de outro surco
aberto pelas águas gentis do rio Tejo.
Deixa-se um pedaço da nossa
alma em Lisboa porque um pedaço de Lisboa fica na nossa alma, inevitável e
maravilhosamente. As fotografias de Héctor Vivas são disso prova, na medida em
que reflectem uma aproximação visual da cidade que transcende o turístico para
mostrar um olhar fascinado por esta cidade que poetizaram Pessoa e Camões, que
já foi ficcionada, documentalizada, que uma vez visitada, jamais é esquecida.
Juan Antonio González
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