sábado, 31 de outubro de 2015

Paula Rego: Descobrimos o mundo nas histórias tradicionais



'Sopa de Pedra' fascinou a pintora.

A pintora Paula Rego acredita que as histórias tradicionais são muito importantes para descobrir o mundo e quem somos, e coloca as fábulas portuguesas entre as "melhores de todas", porque "mostram a natureza humana como ela é". 'Sopa de Pedra' foi uma dessas histórias tradicionais que recentemente fascinou a pintora, levando-a a criar ilustrações e a pedir a colaboração da filha, Cas Willing, para escrever o texto do livro lançado este mês em Portugal pela Porto Editora. Numa entrevista à agência Lusa, por correio eletrónico, a pintora e a filha explicaram como foi o processo de recriar uma história - da qual existem versões em vários países - que mantém o enredo principal, mas muda o protagonista. In Correio da Manhã.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"Dias do desassossego" em torno do livro e da leitura


A Casa Fernando Pessoa e a Fundação José Saramago juntam-se em novembro num conjunto de iniciativas
Esta será a terceira edição de um programa cultural, com música, cinema e debates, que une aqueles dois organismos em torno da promoção da leitura. "Dias do desassossego" começa a 16 de novembro, dia do 93.º aniversário de José Saramago, e termina a 30 desse mês, quando se cumprem 80 anos da morte de Fernando Pessoa.
"Entre essas duas datas queremos levar o livro e a leitura para a rua, tendo presente o que as duas casas trabalham, como polos agregadores da literatura e que querem aprofundar um diálogo com outras linguagens artísticas", disse o diretor da Fundação José Saramago, Sérgio Machado Letria, à agência Lusa.


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Scorsese recria Macau do séc. XVII



Realizador fala das gravações de 'Silêncio'.

Ainda em fase de rodagem, ‘Silêncio’, de Martin Scorsese, segue a história de dois jesuítas portugueses – Cristóvão Ferreira (Liam Neeson) e Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) – que viajam para o Japão no século XVII, numa época em que os cristãos eram perseguidos naquele país. Inspirado no romance do japonês Shusaku Endo, o filme também aborda a presença dos missionários em Macau. 
"Começámos a filmar em Taipé em fevereiro e recriámos o Macau de 1640", disse o realizador, que destacou "a arquitetura do Macau antigo" e o papel da região como "ponte entre o Oriente e o Ocidente". 


Correioda Manhã. 

Cinema: Punk português, arte urbana afegã e Paco De Lucía no Muvi Lisboa

Segunda edição do festival decorre entre 1 e 6 de dezembro no cinema São Jorge.
Documentários sobre o punk em Portugal, a música de rua na Indonésia e sobre a arte urbana afegã em tempo de guerra integram em dezembro a segunda edição do Muvi Lisboa - Festival Internacional de Música no Cinema.
Da programação, que ainda não está fechada, fazem parte filmes de ficção e documentários que registam movimentos artísticos e retratam figuras e bandas da música portuguesa e internacional. O MUVI Lisboa decorrerá de 1 a 6 de dezembro no cinema São Jorge, em Lisboa, com curtas e longas-metragens, com uma competição nacional, outra internacional e retrospetivas.
Entre os filmes selecionados para a competição nacional contam-se, por exemplo, "A um passo da loucura: Punk em Portugal 78-88", de Hugo Conim e Miguel Newton, "Porque Não Sou o Giacometti do Século XXI", de Tiago Pereira, e "Música Moderna - Um filme em disco de TochaPestana", de TochaPestana.

Teatro: O dia em que António Silva e Vasco Santana assassinaram Hitler

Entraria nesta sala... é a peça que leva a Costa do Castelo para a Alemanha nazi no D. Maria II.
Vasco Santana, ali Narciso, assobia a Rosa Tiranaenquanto se dirige a um candeeiro público. "Boa noite V. Exa. V. Exa. vai perdoar-me a inconveniência, mas podia fazer-me o obséquio de me dar um bocadinho do seu lume?" Pátio das Cantigas, 1942. Essa cena do filme de Fernando Ribeiro a que quase se poderia chamar património português, de tal forma ficou gravada na memória de gerações, sobe agora ao palco do sala estúdio do Teatro Nacional D. Maria II.Ricardo Neves-Neves, que a interpreta, é também quem a pôs ali. Foi ele quem escreveu a peça Entraria nesta sala..., encenada por Sandra Faleiro. Além de Vasco Santana, nela entram Beatriz Costa (Joana Campelo), Maria Matos (Cristina Carvalhal) - a "titi" - e António Silva (Rui Melo), o "paizinho".

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Arte: AMuseu de Arte Antiga lança campanha inédita para comprar quadro

O Museu Nacional de Arte Antiga lançou esta terça-feira, em Lisboa, uma campanha pública inédita de angariação de fundos para a aquisição da tela "A Adoração dos Magos" do pintor português Domingos António Sequeira (1768-1837).
A obra foi esta terça-feira apresentada publicamente no museu, na Rua das Janelas Verdes, pelo diretor do Nacional de Arte Antiga (MNAA), António Filipe Pimentel, e dos parceiros da iniciativa que visa reunir 600 mil euros para comprar a tela ao proprietário privado.
O diretor do museu disse que até 30 de abril qualquer cidadão pode contribuir para a aquisição da tela considerada "uma obra- prima visionária, que evidencia a capacidade de Domingos Sequeira de fazer a síntese entre o Clássico e o Romântico".
Pimentel indicou que "A Adoração dos Magos", pintada em 1828, já tinha sido mostrada ao público no museu, em Lisboa, e "faz parte dos grandes livros da História da Arte portuguesa".


Tapeçarias de Portalegre candidatas a Património Mundial Candidatura ocorrerá em 2017



As Tapeçarias de Portalegre vão ser candidatadas, em 2017, a Património Mundial, pela UNESCO, revelou esta quarta-feira à agência Lusa a presidente do município, justificando que se trata de uma arte "reconhecida em todo o mundo. A candidatura vai ser elaborada pela Câmara Municipal de Portalegre, Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo e pela Manufatura de Tapeçarias de Portalegre.
 "Já iniciámos o processo, pois queremos ter o dossiê da candidatura concluído dentro de um ano para o apresentarmos, em 2017, à UNESCO" (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), adiantou a presidente do município, Adelaide Teixeira.


Conto inédito de Valter Hugo Mãe editado em "ebook"


Conto "A menina que carregava bocadinhos" editado em "ebook".

A Coolbooks, chancela do grupo Porto Editora, que publica exclusivamente no formato "ebook" (livro eletrónico), edita na quinta-feira o conto inédito do Valter Hugo Mãe, "A menina que carregava bocadinhos". Em declarações à Lusa, Valter Hugo Mãe afirmou, sobre esta publicação em "ebook": "Importa que a literatura encontre a sua paz com o futuro"
 "A edição digital, que entre nós ainda é residual, precisa de ganhar força, sob pena de se perder um caminho que já é inevitável", realçou, em declarações a partir de Boston, nos Estados Unidos, onde se encontra numa residência para escritores.

Nota: O autor já este em Caracas, onde participou num evento do IPC.

Correio da Manhã.

sábado, 24 de outubro de 2015

A minha alma em Lisboa...


Está patente no Cantinho da Cultura do Centro Português a exposição A minha alma em Lisboa, que conta com um conjunto de fotografias de Héctor Vidas.

No acto de inauguração, para além de membros do IPC e do fotógrafo, estiveram presentes o Presidente e o Director de Cultura do Centro Português.  

A mostra estará aberta até meado de Novembro e conta com os auspícios do Instituto Camões.


A Lisboa chega-se para nela se deixar a alma. Nas suas ruas empinadas, nos seus eléctricos, nas telhas das suas casas sempre a olharem o mar. Nas suas avenidas calcetadas capazes de harmonizar com uma modernidade que insiste em instalar-se na cidade sem a privar do seu passado. Na poesia de Pessoa, capaz de transformar em versos esse enigma metafísico que é a capital portuguesa, a qual, segundo a mitologia, foi fundada pelo próprio Ulisses, o d’A Odisseia.
Como quer que se que entrelace a textura da sua história, Lisboa é sempre possível de descobrir, descobrir e redescobrir, pois aquele que a caminha encontra muito de si mesmo nesta cidade que não sucumbiu aos males das grandes urbes contemporâneas.
Sem importar o portento arquitectónico das suas construções recentes, sempre, sempre, há uma janela enfeitada de flores, um muro recoberto de belos azulejos, um imponente mosteiro de estilo renascentista, um café acolhedor ou o embriagante e inesperado acorde de algum fado de Amália Rodrigues para que Lisboa produza a sua magia: instalar-se na alma de quem a recorre como se se tratasse ainda de outro surco aberto pelas águas gentis do rio Tejo.

Deixa-se um pedaço da nossa alma em Lisboa porque um pedaço de Lisboa fica na nossa alma, inevitável e maravilhosamente. As fotografias de Héctor Vivas são disso prova, na medida em que reflectem uma aproximação visual da cidade que transcende o turístico para mostrar um olhar fascinado por esta cidade que poetizaram Pessoa e Camões, que já foi ficcionada, documentalizada, que uma vez visitada, jamais é esquecida.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Luís Miguel Cintra, ator em modo de despedida


Luís Miguel Cintra quis encenar “o último espetáculo de uma era”. Mas “Hamlet” não é apenas um passo arriscado. É um ponto final. E um começo. Como afirmou no sábado à noite, no palco da Cornucópia, é ainda uma despedida, como ator. Para quem não viu, ainda há tempo: entre 23 de outubro e 15 de novembro, o espetáculo volta a Almada, e apresenta-se no Teatro Joaquim Benite.
Antes da estreia de “Hamlet”, de William Shakespeare, Luís Miguel Cintra confessava, após mais uma sessão de ensaios, “a atração pelo abismo, a tentação do risco”. Não no mau sentido, daquele que já não tem esperança, e só espera destruir-se. Mas no de que é no desconhecido que se encontram novos sentidos, ou de que é no passo arriscado, que nos atira para fora de pé, que a arte acontece. De outra forma não podia ser. Luís Miguel Cintra nunca deixou de se desafiar: “Não quero ter o que já tenho”.
O fundador da Cornucópia entregou o papel de Hamlet, personagem pela qual atores em qualquer parte do mundo são capazes de lutar uma vida inteira, a um principiante, de 22 anos (Guilherme Gomes), na certeza de que a “sensatez é triste companhia” e que dos “tristes não reza a história”. Escolheu para si o papel de 1º ator do grupo de teatro que o príncipe da Dinamarca contrata para revelar à rainha, mãe de Hamlet, a verdade (ou seja, o assassinato do Rei pelo seu novo marido); e ainda a personagem de Luciano e de 3º coveiro que aparece no final para enterrar Ofélia.


Hoje: Exposição A minha alma em Lisboa, no Centro Português


Esta noite, 19 horas, o IPC apresenta a exposição A minha alma em Lisboa, com fotografias do artista Héctor Vivas. No texto que transcrevemos a seguir, podemos ter uma primeira apreciação do valor deste trabalho e de como a capital portuguesa enfeitiçou o fotografo Vivas.

A Lisboa chega-se para nela se deixar a alma. Nas suas ruas empinadas, nos seus eléctricos, nas telhas das suas casas sempre a olharem o mar. Nas suas avenidas calcetadas capazes de harmonizar com uma modernidade que insiste em instalar-se na cidade sem a privar do seu passado. Na poesia de Pessoa, capaz de transformar em versos esse enigma metafísico que é a capital portuguesa, a qual, segundo a mitologia, foi fundada pelo próprio Ulisses, o d’A Odisseia.
Como quer que se que entrelace a textura da sua história, Lisboa é sempre possível de descobrir, descobrir e redescobrir, pois aquele que a caminha encontra muito de si mesmo nesta cidade que não sucumbiu aos males das grandes urbes contemporâneas.
Sem importar o portento arquitectónico das suas construções recentes, sempre, sempre, há uma janela enfeitada de flores, um muro recoberto de belos azulejos, um imponente mosteiro de estilo renascentista, um café acolhedor ou o embriagante e inesperado acorde de algum fado de Amália Rodrigues para que Lisboa produza a sua magia: instalar-se na alma de quem a recorre como se se tratasse ainda de outro surco aberto pelas águas gentis do rio Tejo.
Deixa-se um pedaço da nossa alma em Lisboa porque um pedaço de Lisboa fica na nossa alma, inevitável e maravilhosamente. As fotografias de Héctor Vivas são disso prova, na medida em que reflectem uma aproximação visual da cidade que transcende o turístico para mostrar um olhar fascinado por esta cidade que poetizaram Pessoa e Camões, que já foi ficcionada, documentalizada, que uma vez visitada, jamais é esquecida.


Juan Antonio González

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O dia em que Rafael Bordalo Pinheiro regressou às Caldas da Rainha

Mais de 20 peças de cerâmica, algumas em tamanho gigante, espalhadas pela cidade, constituem a rota bordaliana que foi inaugurada no sábado.
É um novo atractivo turístico das Caldas da Rainha. As peças de Bordalo não são gigantes, mas são agigantadas. Medem dois metros de altura e representam figuras populares como o Zé Povinho, a Maria da Paciência, a Ama das Caldas, a Saloia, o Polícia, o Padre, com que mordazmente Rafael Bordalo Pinheiro caricaturizava a sociedade do seu tempo. A estes juntam-se ainda as figuras da sua produção naturalista como os sardões, os caracóis, as rãs, as vespas, as andorinhas, os macacos e, como não podia deixar de ser, os famosos gatos que, nas ruas das Caldas aparecem em versão “gato a caçar” e “gato assanhado”.
A rota bordaliana custou 122 mil euros e foi comparticipada em 85% com fundos comunitários, no âmbito do projecto em curso de regeneração urbana das Caldas da Rainha. As peças, todas em cerâmica, foram executadas na própria Fábrica de Faianças Rafael Bordalo Pinheiro, respeitando moldes, cores, medidas e técnicas herdadas do século XIX.

Amanhã: Exposição A minha alma em Lisboa, no Centro Portugues...

O IPC apresenta a exposição A minha alma em Lisboa, com fotografias do artista Héctor Vivas. No texto que transcrevemos a seguir, podemos ter uma primeira apreciação do valor deste trabalho e de como a capital portuguesa enfeitiçou o fotografo Vivas.

A Lisboa chega-se para nela se deixar a alma. Nas suas ruas empinadas, nos seus eléctricos, nas telhas das suas casas sempre a olharem o mar. Nas suas avenidas calcetadas capazes de harmonizar com uma modernidade que insiste em instalar-se na cidade sem a privar do seu passado. Na poesia de Pessoa, capaz de transformar em versos esse enigma metafísico que é a capital portuguesa, a qual, segundo a mitologia, foi fundada pelo próprio Ulisses, o d’A Odisseia.
Como quer que se que entrelace a textura da sua história, Lisboa é sempre possível de descobrir, descobrir e redescobrir, pois aquele que a caminha encontra muito de si mesmo nesta cidade que não sucumbiu aos males das grandes urbes contemporâneas.
Sem importar o portento arquitectónico das suas construções recentes, sempre, sempre, há uma janela enfeitada de flores, um muro recoberto de belos azulejos, um imponente mosteiro de estilo renascentista, um café acolhedor ou o embriagante e inesperado acorde de algum fado de Amália Rodrigues para que Lisboa produza a sua magia: instalar-se na alma de quem a recorre como se se tratasse ainda de outro surco aberto pelas águas gentis do rio Tejo.
Deixa-se um pedaço da nossa alma em Lisboa porque um pedaço de Lisboa fica na nossa alma, inevitável e maravilhosamente. As fotografias de Héctor Vivas são disso prova, na medida em que reflectem uma aproximação visual da cidade que transcende o turístico para mostrar um olhar fascinado por esta cidade que poetizaram Pessoa e Camões, que já foi ficcionada, documentalizada, que uma vez visitada, jamais é esquecida.


Juan Antonio González

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Prémio Literário José Saramago/ Fundação Círculo de Leitores 2015

Bruno Vieira Amaral conquistou o premio corresponde a 2015.
O Prémio
Homenageando a figura do Nobel da Literatura, José Saramago, este prémio foi criado em 1999 pela Fundação Círculo de Leitores. Afirmando-se como um dos mais importantes prémios literários atribuídos no âmbito da lusofonia a autores com obra publicada em português, e com idade não superior a 35 anos, foram distinguidos(as) em anos anteriores: Paulo José Miranda, José Luís Peixoto, Adriana Lisboa, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, João Tordo, Andréa del Fuego e Ondjaki.
Bruno Vieira Amaral é um escritor, crítico literário e tradutor português. Nascido em 1978, licenciou-se em História Moderna e Contemporânea.
No ano de 2002 foi selecionado para a Mostra Nacional de Jovens Criadores através da sua poesia. Fez várias colaborações no DN Jovem, na revista Atlântico e no jornal i. Atualmente, executa as tarefas de crítico literário, tradutor e autor do Guia Para 50 Personagens da Ficção Portuguesa, e é autor de vários blogues, como o Circo da Lama.
É ainda editor-adjunto da revista LER e assessor de comunicação das editoras do Grupo Bertrand Círculo.

O seu romance de estreia, As Primeiras Coisas, valeu-lhe o Prémio de Livro do Ano da revista TimeOut (2013), o Prémio Fernando Namora 2013 [2] e o Prémio PEN Narrativa 2013. 

"Choca-me a falta de interesse pelo passado de alguma juventude

Entrevista com Carlos Saboga, realizador de A uma Hora Incerta que recorda um Portugal vigiado pela PIDE
De onde vem o título A uma Hora Incerta e porque o escolheu?
Vem de um poema de Primo Levi que se chamaSobrevivente. É uma citação de um outro poema, de Coleridge, que por sua vez se inspirou num provérbio latino, "mors certa, hora incerta", ou seja, a morte está certa, mas a sua hora não se conhece. Gosto muito da expressão, porque não é só a morte que é incerta, mas a própria vida - a única coisa que não é incerta é que nascemos. E creio que as personagens vivem, de facto, uma hora incerta.
Será o filme uma crónica histórica, sobre o ano de 1942, que se vai transformando numa parábola?
Parábola não sei se será o termo... Para mim, é uma história de amor de uma rapariga que quer ser reconhecida pelo pai. Creio que não será um acaso que os meus filmes tenham sempre um pano de fundo histórico, como se a história tivesse mais ou menos a mesma importância que um cenário. 

"A minha mãe anda estranha" dá prémio de literatura infantil a Ricardo Baptista


Ricardo Baptista recebeu, esta quinta-feira, em Almada, o Prémio Literário Maria Rosa Colaço destinado à literatura infantil, pela obra inédita "A minha mãe anda estranha".
O prémio tem o valor pecuniário de cinco mil euros, e a cerimónia de entrega decorreu quinta-feira à noite, na sala Pablo Neruda do Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada.
A esta 10.ª edição do galardão candidataram-se 233 obras originais, que foram avaliadas por um júri composto por José Correia Tavares, pela Associação Portuguesa de Escritores, Isabel Minhós, pela Secção Portuguesa do Internacional Board for Young People, e José Fanha, em representação da Câmara Municipal de Almada, que organiza o concurso literário.
"A obra 'A minha mãe anda estranha' dá-nos a conhecer o quotidiano de Clara, uma menina de oito anos cuja vida passa por um período de grandes mudanças. Clara ainda escreve devagar, mas já se apercebeu de como os pensamentos 'correm muito depressa' e 'quase nunca esperam por nós'", segundo comunicado da edilidade almadense.


Dia 23, às 19 horas no Centro Portugues...

 O IPC apresenta a exposição A minha alma em Lisboa, com fotografias do artista Héctor Vivas. No texto que transcrevemos a seguir, podemos ter uma primeira apreciação do valor deste trabalho e de como a capital portuguesa enfeitiçou o fotografo Vivas.

A Lisboa chega-se para nela se deixar a alma. Nas suas ruas empinadas, nos seus eléctricos, nas telhas das suas casas sempre a olharem o mar. Nas suas avenidas calcetadas capazes de harmonizar com uma modernidade que insiste em instalar-se na cidade sem a privar do seu passado. Na poesia de Pessoa, capaz de transformar em versos esse enigma metafísico que é a capital portuguesa, a qual, segundo a mitologia, foi fundada pelo próprio Ulisses, o d’A Odisseia.
Como quer que se que entrelace a textura da sua história, Lisboa é sempre possível de descobrir, descobrir e redescobrir, pois aquele que a caminha encontra muito de si mesmo nesta cidade que não sucumbiu aos males das grandes urbes contemporâneas.
Sem importar o portento arquitectónico das suas construções recentes, sempre, sempre, há uma janela enfeitada de flores, um muro recoberto de belos azulejos, um imponente mosteiro de estilo renascentista, um café acolhedor ou o embriagante e inesperado acorde de algum fado de Amália Rodrigues para que Lisboa produza a sua magia: instalar-se na alma de quem a recorre como se se tratasse ainda de outro surco aberto pelas águas gentis do rio Tejo.
Deixa-se um pedaço da nossa alma em Lisboa porque um pedaço de Lisboa fica na nossa alma, inevitável e maravilhosamente. As fotografias de Héctor Vivas são disso prova, na medida em que reflectem uma aproximação visual da cidade que transcende o turístico para mostrar um olhar fascinado por esta cidade que poetizaram Pessoa e Camões, que já foi ficcionada, documentalizada, que uma vez visitada, jamais é esquecida.


Juan Antonio González

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Ana Moura rainha do top de vendas


Fadista é uma das artistas que mais vende em Portugal. Por Duarte Faria Desfado’, editado em 2012 por Ana Moura, é um dos discos mais bem sucedidos de sempre em Portugal (quádrupla platina, mais de 60 mil unidades). O álbum da fadista está há 146 semanas no top de vendas da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), elaborado pela GfK Portugal, que contabiliza as vendas físicas e digitais. Entre os que há mais tempo estão nesta lista contabilizam- -se também Mariza (77 semanas), com o seu ‘Best Of’, os D.A.M.A (53 semanas), com ‘Uma Questão de Princípio’, e António Zambujo (47 semanas), com ‘Rua da Emenda’. Num top dominado pela música lusófona, de referir ainda as presenças de ‘O Melhor De’, de Anselmo Ralph (46 semanas), ‘Canto’, de Carminho (44 semanas), e ‘Tony Carreira – Sempre’ (43). Só este ano, e até setembro, ‘Uma Questão de Princípio’, dos D.A.M.A, foi o disco mais comercializado em Portugal, embora a AFP não revele o número de unidades vendidas. Segue-se ‘Tony Carreira – Sempre’, ‘O Melhor De’, de Anselmo Ralph, ‘Rua da Emenda’, de António Zambujo, e ‘Best Of’, de Mariza. ‘Desfado’, de Ana Moura, fica na 9ª posição. ‘Violetta em Concerto’ e ‘Wallflower’, de Diana Krall, são os únicos álbuns estrangeiros na lista dos mais vendidos. In  Correio da Manhã. 

Os dias dos prodígios para Mário Cláudio na Escritaria

A literatura volta a ocupar a cidade, com lançamento de um romance inédito do escritor.

Há pêssegos, couves e castanhas dentro das caixas da mercearia localizada na rua que desemboca no Largo da Nossa Senhora da Ajuda, onde uma placa bem visível anuncia Afixação Proibida. Ora é neste largo que muito da Escritaria, a festa da Literatura de Penafiel, acontece e por isso são poucos os que obedecem ao cartaz proibitivo aparafusado à parede da igreja nestes dias em que o escritor Mário Cláudio é o homenageado da 8.ª edição da iniciativa.
De quinta-feira até hoje, dia em que encerra a Escritaria, Mário Cláudio já por lá passou vezes incontáveis e viu o largo repleto de cartazes, faixas, caixotes de papelão com a reprodução do seu rosto e uma parte do texto do seu novo romance, lançado oficialmente na sexta-feira à noite naquela cidade. Inaugurou arte urbana, uma exposição sobre a sua vida em quadros e várias sobre a sua obra. Quem for curioso deve observar com atenção os cadernos Moleskine em que anota ideias para os livros porque perceberá melhor o processo de criação. Também poderá descobrir uma ou outra indiscrição que tenha anotado nos cadernos além das questões da construção da narrativa.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

“Às vezes devíamos ter a coragem de assumir que a culpa não é só dos outros”

Fado Veneno, o novo disco da fadista Luísa Rocha, tem esta sexta-feira a primeira apresentação em sala, no ciclo Há Fado no Cais. Será no CCB, às 21h.
Já lá vão quatro anos desde que Luísa Rocha se estreou em disco a solo, comUma Noite de Amor, que teve como “padrinho” (e produtor musical) o violista Carlos Manuel Proença. Por sinal filho de uma das vozes do fado que ela mais ouvia na infância, Maria Amélia Proença. Esta, a par de Amália, Marceneiro, Carlos do Carmo, Maria Teresa de Noronha ou António Rocha foram as vozes que a ajudaram a crescer como fadista.
Fado Veneno, disco que Luísa Rocha está a lançar este ano, já teve uma apresentação breve e parcial no festival Caixa Alfama, mas só agora é apresentado em sala, no ciclo Há Fado no Cais. Será esta sexta-feira, no Pequeno Auditório do CCB, às 21h. Quem ouviu Uma Noite de Amor, que teve edição entusiasmada de David Ferreira, descobriu nele uma voz que, já rodada nas casas de fado, mostrava um vinco pessoal promissor. Hoje, Luísa Rocha destaca uma evolução positiva entre os dois trabalhos, mantendo-se Carlos Manuel Proença na produção do disco novo. 

“Quando se chega aqui, ou se diz tudo, ou mais vale ficar calado”

Astronomia, que Mário Cláudio lança hoje no Escritaria, em Penafiel, é ao mesmo tempo um romance complexo e inovador e um desassombrado e minucioso auto-retrato, no qual o escritor se expõe de um modo raramente visto na ficção portuguesa.
Conta a infância sem se poupar a nenhum embaraço, das pequenas crueldades que todas as crianças cometem às ingénuas experiências eróticas com criadas e rapazes. Narra abertamente a longa relação amorosa que iniciou aos 25 anos com um inglês que não nomeia no livro, mas que é uma das pessoas que fez questão de ter ao seu lado na homenagem que o festival Escritaria lhe está a prestar em Penafiel, descreve a sua desolada passagem pelo funcionalismo público, confessa as ânsias juvenis de reconhecimento nos anos em que se dava a conhecer ao mundo como escritor, descreve com demorada minúcia os seus rituais de velhice, a ponto de nos mostrar como procede ao ensaboamento de orelhas e sovacos, para já não falar das “nádegas e respectivas adjacências ocultas”. Talvez nenhum romancista português se tenha exposto tanto como Mário Cláudio neste Astronomia, mesmo se ele próprio vai avisando que o livro, “como todos os retratos, também é mentiroso”

domingo, 18 de outubro de 2015

Música em São Roque aposta no repertório português

Entre 17 de Outubro e 8 de Novembro será possível escutar intérpretes como os ensembles Bonne Corde, MPMP, Vozes Alfonsinas, Officium e Capela Duriensis, as sopranos Ana Barros e Dora Rodrigues e o pianista António Rosado.
A 27ª edição da temporada Música em São Roque, promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), inicia-se hoje às 21h com um concerto pelo Coro Gulbenkian, sob a direcção de Michel Corboz, dedicado aos motetes de Bach. Um programa de abertura apelativo, que constitui uma excepção ao principal fio condutor deste ciclo de 12 concertos que irá decorrer até 8 de Novembro e que se irá centrar sobretudo na música portuguesa desde o século XVI até à actualidade.
“Os repertórios e os intérpretes portugueses sempre foram uma das nossas apostas, mas este é o programa com maior representatividade de música portuguesa composta ao longo dos últimos 500 anos”, disse ao Público o maestro Filipe Carvalheiro, director artístico da temporada. Esse percurso de cinco séculos estende-se desde a polifonia renascentista ao século XXI, com duas obras em estreia absoluta integradas no recital Palavras Oníricas: o surrealismo português (dia 19, no Museu de São Roque), a cargo da soprano Ana Barros e da pianista Isabel Sá: Cinco Poemas de Mário Cesariny, de Sérgio Azevedo,  e Ditirambo, de Eduardo Luiz Ayres de Abreu. 

sábado, 17 de outubro de 2015

Brasília recebe espectáculo 'Mensagem de Fernando Pessoa'


Homenagem ao escritor. O espectáculo musical 'Mensagem de Fernando Pessoa', de André Luiz Oliveira, será exibido em Brasília, com 44 poemas musicados, em oito apresentações, numa homenagem que assinala os 80 anos da morte do escritor. 
As apresentações serão feitas pelo trio Os Bandarra, dos dias 23 de outubro a 14 de novembro, com quatro programas diferentes que contemplam a ordem do livro 'Mensagem', publicado em 1934.  
O projeto 'Mensagem' foi idealizado em 1985 pelo músico e cineasta brasileiro André Luiz Oliveira, que musicou todos os poemas do livro homónimo, quando passavam 50 anos sobre a morte do poeta. O primeiro disco do projeto, pelo qual recebeu o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, da República Portuguesa, possui interpretações de Caetano Veloso, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Zé Ramalho, Gal Costa, Gilberto Gil, Belchior e Glória de Lourdes, assim como do próprio autor. In Correio da Manhã.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Quarteto Lopes-Graça toca em Buenos Aires


O Quarteto Lopes-Graça, formado por Luís Pacheco Cunha e Cecília Branco (violinos), Isabel Pimentel (violeta) e Catherine Strynckx (violoncelo), inicia esta quarta-feira uma série de recitais, a realizar na capital argentina.
O quarteto de cordas irá apresentar, nos diferentes concertos, sempre em Buenos Aires, peças de Fernando Lopes-Graça, Luiz de Freitas Branco, Joaquim Turina, Alejandro Erlich-Oliva e Diego Kovadloff, entre outros compositores, disse à Lusa um dos violinistas.


O Quarteto está a celebrar o seu 10.º aniversário e esta é a terceira digressão à América Latina, tendo-se apresentado anteriormente, no Brasil (2013) e no Peru (2014). In Correio da Manhã.

Recital de Luísa Amaro no Museu da Música


A guitarrista Luísa Amaro interpreta obras inéditas da sua autoria, na sexta-feira à noite, no Museu da Música, em Lisboa, num recital em que são apresentados os novos corpos gerentes da associação dos amigos do museu.

A associação passa a ser presidida pela compositora. Durante o recital, o ator Vítor Sousa "criará uma espécie de revista musical fictícia de inícios do século XX através da leitura de pequenas notícias da época, intercaladas por peças minhas", explicou à Lusa Luísa Amaro.

In Correio da Manhã.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Mário de Carvalho e Paulo Varela Gomes entre os vencedores dos Prémios P.E.N. Clube

Isabel Mendes Ferreira, Luís Quintais, Gabriela Ruivo Trindade e Susana João Carvalho foram os outros autores distinguidos.
Seis escritores foram distinguidos com os Prémios P.E.N. Clube Português, estando entre eles Mário de Carvalho, na categoria Ensaio, e Paulo Varela Gomes, na de Narrativa, divulgou a instituição esta terça-feira. Cada categoria tem o valor pecuniário de 5000 euros, enquanto a referente à de Primeira Obra é de 2500 euros.
Mário de Carvalho foi distinguido com o Prémio Ensaio pela obra Quem Disser o Contrário é Porque Tem Razão. O júri desta categoria foi constituído por Ricardo Gil Soeiro, José Pedro Serra e Paula Cristina Costa. O escritor tinha já recebido o Prémio P.E.N. Narrativa em 2013, com o romanceFantasia para dois coronéis e uma piscina.
O júri do Prémio P.E.N. Narrativa, formado por Rita Taborda Duarte, Paula Morão e Francisco Belard, escolheu o romance Hotel, de Paulo Varela Gomes.
Na categoria Poesia, foram distinguidos ex aequo Isabel Mendes Ferreira, pela obra O Tempo É Renda, e Luís Quintais, por O Vidro. Nesta categoria, o júri foi formado por Victor Oliveira Mateus, Casimiro de Brito e Paula Mendes Coelho.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

António Tavares vence Prémio Leya com romance sobre a Cova da Beira entre 1968 e o 25 de Abril

Escolha do júri foi unânime. O Coro dos Defuntos retrata um modo de vida "moribundo" numa aldeia beirã que vê Portugal e o mundo a mudar lá fora.

O Prémio Leya 2015 foi esta terça-feira atribuído a António Tavares, pelo romance O Coro dos Defuntos. O júri escolheu esta obra, que começa em 1968 e termina no dia 25 de Abril de 1974, por unanimidade. Este é o galardão de maior valor pecuniário - 100 mil euros - para romances inéditos em literatura de expressão portuguesa.
António Tavares queria mesmo que este fosse o seu segundo romance, depois de ter sido já finalista do Prémio Leya em 2013 com o primeiro, As Palavras que me Deverão Guiar um Dia (edição Teorema, Grupo Leya). Sentiu, como disse ao PÚBLICO uma hora depois do anúncio do seu nome como vencedor deste prémio, que "era inevitável" escrever sobre o período de intensas mudanças que o país e o mundo sofreram entre 1968 e 1974. "No nosso país, isso significou muito - por um lado, o morrer de um regime e o renascer de outro. Chama-se Coro dos Defuntos porque a aldeia" no centro da história, no centro das beiras, "fala como um coro. E esse coro, essas pessoas, já estão moribundas. Quase defuntos, porque logo a seguir vem o 25 de Abril, vem a liberdade, o varrer de novas ideias, o abalar das crenças e convicções do mundo rural. É a última geração que vive esse momento".

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Quatro filmes em competição e Miguel Gomes em destaque em Montpellier

Quatro filmes portugueses em competição e o cinema de Miguel Gomes estarão em destaque no 37º. Festival de Cinema Mediterrânico de Montpellier, que começa no dia 24 em França.

De acordo com a programação, "John From", de João Nicolau, e "Montanha", de João Salaviza, integram a competição de longas-metragens, "Fuligem", premiada animação de David Doutel e Vasco Sá está na competição de curtas-metragens, e "Volta à terra", de João Pedro Plácido na competição de documentários.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Esta noite: Cinema de Portugal...


Hoje, pelas 21 h, o cabal TV Vale apresenta o filme Sostiene Pereira.

Sostiene PereiraPereira prétend  / Afirma Pereira  (brPáginas da revolução) é um filme ítalo-franco-português de 1996, do gênero drama, dirigido por Roberto Faenza. O roteiro é baseado em romance homônimo de Antonio Tabucchi.


Sinopse: Na Lisboa salazarista, o editor de um jornal procura um jornalista para escrever óbitos antecipados de escritores famosos. Ele opta por um jovem que está envolvido em atividades contra-revolucionárias.
No elenco aparecen Marcello Mastroianni, Joaquim de Almeida, Mário Viegas e Nicolau Breyner, entre outras grandes figuras do cinema.
A música é de Enio ;Morriconne.
O filme tem vários prémios, entres o David di Donatello (Itália)