quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A infância do cinema português


Mais um volume do "Dicionário de Cinema Português". Não há grandes descobertas a fazer, Jorge Leitão Ramos diz até que é o período com a “maior percentagem de filmes maus” da nossa cinematografia. Mas são os primórios, 1895-1961

Quando Jorge Leitão Ramos publicou o Dicionário do Cinema Português 1962-1988 em finais dos anos 80, a ideia era que fosse uma obra única, um livro que apresentasse ao mundo os actores, técnicos, realizadores e filmes portugueses. À altura,
não existia nenhuma referência desse tipo e a Internet estava longe de ser o que é hoje ou o autor teria preferido criar um IMDb português que compilasse toda essa informação. É o próprio que o confessa, ao mesmo tempo que revela a sua paixão pela recolha de dados e factos.

"Torna-se uma coisa obsessiva, a gente não pensa em mais nada." Essa obsessão e vontade de dar a conhecer os que fizeram o cinema português levou-o às outras artes. "Como não há cinema português que dê emprego a actores, não há actores de cinema português, há actores que também fazem uns filmes de vez em quando. Portanto, escolhi carreiras teatrais, livros que as pessoas tivessem escrito e, no caso dos compositores, discos. O Sérgio Godinho tinha lá a discografia toda dele."

Mal sabia que o seu editor, Zeferino Coelho, lhe iria pedir o resto, o que estava para trás. Ou seja, mais de 60 anos de datas, filmografias e fichas técnicas. Leitão Ramos passou muito tempo a folhear jornais na Hemeroteca Municipal, a rever filmes (os que não se perderam por incúria) para se certificar das informações que encontrou em Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português 1896-1949 de Félix Ribeiro ou O Cais do Olhar de José de Matos-Cruz (referências de que se socorreu). Um trabalho concretizado nos tempos livres entre a profissão de professor do secundário e a de crítico de cinema no Expresso e que demorou mais de vinte anos a acabar. O resultado, o Dicionário do Cinema Português 1895-1961, é agora editado, já depois de um outro volume, que abarcava o período entre 1989 e 2003, ter saído em 2006.


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