terça-feira, 7 de julho de 2015

Morreu Maria Barroso. A "promessa radiosa" e a "figura mítica" que o amor fez "mulher de"

Quis ser, e teria sido, "uma grande atriz", mas a política - e um político - atravessaram-se. Noventa anos de uma vida singular.
Maria Barroso morreu esta madrugada, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. A antiga primeira-dama estava internada, em estado grave, desde 26 de junho.
A família Soares já fez saber que o corpo estará em câmara ardente no Colégio Moderno, a partir das 18.00 horas de hoje, e o funeral será amanhã, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após uma missa de corpo presente na Igreja do Campo Grande, pelas 10.00.
Maria de Jesus Simões Barroso, nascida a 2 de maio de 1925, filha de uma professora primária e de um tenente do exército e do reviralho, castigado, preso e finalmente deportado para os Açores, neta de avós divorciados do lado da mãe, irmã de nove irmãos, dois mortos em bebés como morriam então tantos; pequena, esguia, sempre direita e de cabeça erguida, cuidadosa nos passos e na aparência, de voz bem modulada e colocada, porém sem afetação; teimosa, obstinada, corajosa, compassiva; moderna a ponto de decidir, menina da média burguesia dos portugueses anos 40 e contra as convenções e fados, que o teatro era o seu destino, mas reservando-se sempre de um meio "propício à instabilidade pessoal"; amiga de Mourão-Ferreira, Sebastião da Gama, Matilde Rosa Araújo, Lindley Cintra, Eurico Lisboa, Joel Serrão, e depois de Sophia e muitos outros "grandes nomes" das artes, literatura, pensamento; desde cedo seguindo a senda do pai numa rebeldia e desalinhamento que lhe decretarão ser expulsa do Teatro Nacional e interrogada pela polícia política por declamar poemas subversivos. Isto tudo (e mais, decerto). 


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