sábado, 11 de julho de 2015
Cantemos Amália para que nos continue a faltar
Poucos poemas haverá na
escrita de Amália Rodrigues que nos roubem tanto o ar quanto aquele a que
chamou Faz-me Pena.
Nele, Amália não fazia por esconder a sua atracção pelo abismo, pela
melancolia, por um lado trágico da existência. Sem falsas pistas, cantava-nos
que “se o desgosto é pequenino” ela própria lhe aumentava “o tamanho”. E
anunciando que o fim já se instalara nos seus aposentos, fazia-lhe pena e
chorava já a hipótese (naturalmente impossível) de que nessa hora derradeira
ninguém chorasse a sua partida. Dava por si assaltada pela sugestão do vazio
mais absoluto, da ausência de aplausos, de uma falta que temia não fosse
notada. A 6 de Outubro de 1999, vários anos passados sobre estes versos, não
seriam poucas as lágrimas derramadas pela sua morte.
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Amália Rodrigues
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