terça-feira, 7 de julho de 2015
As novas gerações já podem conhecer a actriz Maria Barroso
No cinema, Maria Barroso teve uma
filmografia curta mas extremamente significativa, ou não tivesse sido actriz de
alguns dos maiores realizadores portugueses. A sua voz ouve-se em O Crime de Aldeia Velha (1964), de Manuel Guimarães, dobrando
a actriz Barbara Laage, e dois anos depois interpretou aquele que será o seu
papel mais importante, a Júlia do Mudar
de Vida.
Bastaria esse papel
para garantir a Maria Barroso um lugar relevantíssimo na história do cinema
português. A sua Júlia é uma personagem quase sacrificial, divida entre o amor
pelo antigo namorado, regressado da guerra colonial, e o compromisso com o
homem – irmão do primeiro – com quem entretanto casou. E Maria Barroso empresta
à personagem uma verticalidade estóica e dorida, a fazer “corpo” com a terra e
o mar (tudo se passa no Furadouro, numa comunidade piscatória), e domina a
dimensão popular da personagem através duma elegância sem adornos, duma rudeza
que é também uma extraordinária expressão da força interior, mas também da
fragilidade, de Júlia. A cena do seu “confronto” com o primeiro homem (Geraldo
Del Rey), entre o mar e as ruínas, é de antologia.
Público.
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