domingo, 3 de janeiro de 2016
Sá-Carneiro: O suicida acidental
As cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, publicadas agora
numa edição crítica, mostram um poeta que participou activamente nas vanguardas
do seu tempo e que tinha uma energia criativa e um sentido de humor pouco
compatíveis com o estereótipo do suicida predestinado
Antecipando as comemorações do centenário da morte de Mário de
Sá-Carneiro, que se suicidou em Paris aos 25 anos, no dia 26 de Abril de 1916,
a Tinta-da-China acaba de lançar Em
Ouro e Alma, uma edição crítica da correspondência de Mário de Sá-Carneiro
com Fernando Pessoa, organizada por Ricardo Vasconcelos e Jeronimo Pizarro.
Desse mergulho num diálogo que em boa medida geraria o primeiro modernismo
português, os dois investigadores regressam com a convicção de que é preciso
desanuviar o poeta de Indícios
de Oiro dessa aura trágica
de poeta suicida que há cem anos ensombra o seu retrato.
“Criou-se o estereótipo de um escritor infeliz, isolado, pouco ligado ao
seu tempo, sempre enfiado num café, mas esta correspondência mostra-nos que
participou muitíssimo no seu tempo, que foi um artista da época das vanguardas
em pleno centro cultural da Europa, que era então Paris, e que teve uma vida
muito mais activa e intensa do que imaginamos”, diz o colombiano Jeronimo
Pizarro, autor de inúmeras edições pessoanas e coordenador da Colecção Pessoa
na Tinta-da-China.
Etiquetas:
Sá-Carneiro
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