segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Leonor Teles: “Se vamos falar de coisas sérias, porque não de um modo divertido?”
A jovem
realizadora portuguesa confessa que nem a excelente recepção que Balada de um
Batráquio teve no Festival de Berlim a faria esperar este resultado.
Leonor Teles está genuinamente
surpreendida pela sua vitória na competição
de curtas de Berlim. Mesmo ao
telefone com o PÚBLICO, acabada de saír da curtíssima conferência de imprensa e
pelo meio do turbilhão de felicitações habitual nestas ocasiões, confessa que
nem a excelente recepção que Balada
de um Batráquio teve no
festival a faria esperar este resultado.
“Não, não, é mesmo
completamente inesperado. Porque para mim este filme é uma parvoíce, é um filme
com uma forma tosca, que tem um só objectivo: partir sapos. Ninguém me disse
nada, estou eu ali sentada e de repente dizem o meu nome, e eu a pensar, não,
isto não pode ser...”
É mesmo por isso que Balada de um Batráquio não é parvo nem tosco. Filha de pai
cigano, a realizadora tem um especial interesse pela relação ainda muito tensa
entre a etnia cigana e a sociedade – o filme debruça-se sobre a superstição de
colocar sapos de louça à porta das lojas para impedir a entrada de ciganos,
como maneira de lhes impedir o acesso a uma “vida normal”, e assume uma
dimensão de farsa quase burlesca, com a própria equipa do filme a entrar em
lojas com sapos na montra para os partir. Foi dessa ideia de “partir os sapos”
- entendida como o quebrar de um tabu xenófobo – que Leonor Teles construiu
todo o filme.
Etiquetas:
Cinema Português
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