segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Não temos cá disto
Eis uma novidade no cinema português: o remake. Fora o caso de filmes
adaptados de obras literárias, onde o caso extremo são os quatro Amor de Perdição de Pallu, Lopes Ribeiro, Oliveira e
Mário Barroso, não ocorrem precedentes.
Mas haverá, muito em
breve, sequência: este Pátio das Cantigas "reloaded" inaugura
uma série de três filmes que contempla ainda, sempre pela mão de Leonel Vieira,
as “actualizações” de O Leão da Estrela(Arthur
Duarte, 1947) e A Canção de Lisboa (Cottinelli
Telmo, 1933).
Chegar ao remake destes
títulos não deixa de ter uma certa lógica. Há décadas que no cinema português
se tenta replicar a fórmula das comédias populares da dita “idade de ouro” dos
anos 30 e 40 (que no fundo se reduz a uma meia-dúzia de filmes), por norma com
resultados desastrosos.
O cinema português não produz uma
comédia decente desde estes filmes, justamente, e não haveria muitos a
acrescentar aos acima citados: O Pai Tirano (Lopes Ribeiro, 1941), O
Costa do Castelo (Duarte,
1943), A Menina da Rádio (Duarte, 1944) e por certo que não
muito mais. À entrada nos anos 50 a fórmula
estava gasta, e mesmo um filme famoso como O Costa de África(João
Mendes, 1954) já era uma coisa ressequida e desengraçada, e daí para a frente
nada melhorou, bem pelo contrário. Voltar a estes filmes para lhes colher
inspiração directa parece tão lógico como parece um gesto desesperado: ou vai
ou racha.
Público.
Etiquetas:
Cinema Português
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