segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Não temos cá disto

O Pátio das Cantigas de Leonel Vieira é o primeiro de uma série de remakes e esta "actualização” do famoso filme de 1942 é confrangedora.

Eis uma novidade no cinema português: o remake. Fora o caso de filmes adaptados de obras literárias, onde o caso extremo são os quatro Amor de Perdição de Pallu, Lopes Ribeiro, Oliveira e Mário Barroso, não ocorrem precedentes.
Mas haverá, muito em breve, sequência: este Pátio das Cantigas "reloaded" inaugura uma série de três filmes que contempla ainda, sempre pela mão de Leonel Vieira, as “actualizações” de O Leão da Estrela(Arthur Duarte, 1947) e A Canção de Lisboa (Cottinelli Telmo, 1933).
Chegar ao remake destes títulos não deixa de ter uma certa lógica. Há décadas que no cinema português se tenta replicar a fórmula das comédias populares da dita “idade de ouro” dos anos 30 e 40 (que no fundo se reduz a uma meia-dúzia de filmes), por norma com resultados desastrosos.
O cinema português não produz uma comédia decente desde estes filmes, justamente, e não haveria muitos a acrescentar aos acima citados: O Pai Tirano (Lopes Ribeiro, 1941), O Costa do Castelo (Duarte, 1943), A Menina da Rádio (Duarte, 1944) e por certo que não muito mais. À entrada nos anos 50 a fórmula estava gasta, e mesmo um filme famoso como O Costa de África(João Mendes, 1954) já era uma coisa ressequida e desengraçada, e daí para a frente nada melhorou, bem pelo contrário. Voltar a estes filmes para lhes colher inspiração directa parece tão lógico como parece um gesto desesperado: ou vai ou racha.

Público.

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