sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Mais sobre ANA HATHERLY

«DEVOLVER O CULTO DO ESPIRITUAL À SUA PUREZA ANTERIOR»

Perguntámos um dia a Ana Hatherly o que gostaria que os anjos dissessem neste mundo da globalização. Com a claridade das suas palavras e do seu olhar respondeu-nos:
«Que iriam, finalmente, cuidar de nós, porque não o têm feito».
Nascida no Porto, esta grande senhora da arte poética (tanto na palavra como na expressão plástica) deixou-nos com 86 anos. Morreu em Lisboa.
Nome de referência na cultura e docência universitária, nomeadamente no estudo do barroco e de Rilke, espírito vanguardista, irreverente, dado ao questionar sistemático, marcante nas intervenções que levariam à fundação do Movimento da Poesia Experimental Portuguesa (de que sobressai também o poeta E.M. de Melo e Castro), a autora de obras como VolúpsiaTisanas ou Cidade das Palavras interrogava-se se alguém poderia, «num mundo terrível, criar o verso de júbilo»? E tinha como indispensável «devolver o culto do espiritual à sua pureza anterior». Assim o sublinhou numa entrevista que lhe fizemos em maio de 2000. Nesse momento adiantou-nos ainda que «a verdade do autor é a qualidade da sua obra».
A qualidade da obra de Ana Hatherly perdurará com toda a sua verdade.

5 AGOSTO 2015

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