sexta-feira, 22 de março de 2013
“Cidadãos da língua portuguesa” sentem-se assaltados pelo Acordo Ortográfico
Escritores,
jornalistas, professores e alunos reuniram-se na quarta-feira para debater o
Acordo Ortográfico, no fórum "Onde Pára e Para Onde Vai a Língua
Portuguesa?", Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade
Nova de Lisboa. João Bosco Mota Amaral, Miguel Sousa Tavares, Nuno Pacheco e
Maria Alzira Seixo pronunciaram-se contra o diploma, na qualidade de “cidadãos
da língua portuguesa” - palavras de Miguel Sousa Tavares.
“Não sou
linguista, gramático nem especialista, sou um simples utilizador da língua, que
se sente assaltado como os cipriotas, que têm dinheiro nos bancos, se sentem
neste momento”, revelou durante a sessão. Definiu como “surreal” a encruzilhada
que se vive neste momento. “Neste momento, há três dialectos oficiais de
português: o que se fala no Brasil, o que se fala em Moçambique, Angola e
outros PALOP, que é o nosso antigo; e há o nosso acordo, que só nós aplicamos.
Sendo que queríamos unificar, ficámos sozinhos num suposto texto unificador da
língua portuguesa”, afirmou.
“Um dos argumentos iniciais era: ‘a língua tem de ser
uma coisa de todos’. Mas a língua já é uma coisa de todos, uns escrevem melhor,
outros pior, uns são escritores, outros quase analfabetos. A sociedade sempre
conseguiu viver com isto, da mesma forma como consegue viver com as diferenças
que existem entre cada país”, disse Nuno Pacheco, Vice-Director do PÚBLICO.
“Desde a República, que não existe uma coincidência entre a forma como o Brasil
e Portugal escrevem. A própria estrutura frásica é diferente e não é um acordo
ortográfico que vai resolver isso. Temos
de entender que essas diferenças são óptimas”, continuou.
Etiquetas:
Acordo ortográfico
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