segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
António Lobo Antunes: “Fernando Pessoa me aborrece até a morte”
E por que não joga fora algum? “Nunca. A maioria é
muito ruim, mas não consigo. Tenho muito respeito pelos livros”. Um dos quartos
do apartamento de António Lobo Antunes(Lisboa, 1942) é
preenchido apenas com as traduções dos cerca de trinta livros que publicou. No
estúdio escreve um professor canadense especializado em sua obra. Na Holanda,
seu livroCaminho Como uma Casa em Chamas está na quarta edição, e no Brasil
será publicado Não É
Meia-Noite Quem Quer (Alfaguara,
com previsão de lançamento em 19 de outubro), um retrato da condição humana
ambientada na guerra de libertação de Angola. Como em cada uma de suas obras,
quando Lobo Antunes escreve, dói; e quando fala, também.
Pergunta. Obrigado por receber-nos em sua casa em Lisboa, a cidade de Pessoa.
Resposta. Não sou um fã de Pessoa.
P. Caramba! O Livro do
Desassossego...
R. O livro do não sei o quê me aborrece até a morte. A poesia do heterônimo
Álvaro de Campos é uma cópia de Walt Whitman; a de Ricardo Reis, de Virgilio.
Eu me pergunto se um homem que nunca fodeu pode ser um bom escritor.
P. Também não há nada de novo em Portugal?
R. Não é um problema de Portugal ou da Espanha. O problema é que hoje não
há grandes escritores na Europa — na Irlanda, talvez —, mas não na Inglaterra
ou na França, que no século passado teve dois gênios, Proust e Céline. No século XIX você tinha 20 ou 30 gênios na Europa.
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Lobo Antunes
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