domingo, 9 de março de 2014

O "dia triunfal" de Pessoa: uma ficção verdadeira




Alberto Caeiro não terá surgido do nada no dia 8 de Março de 1914, como Pessoa pretendeu, mas a obra pessoana exigia mesmo um “dia triunfal”, defende António M. Feijó.

Dezenas de especialistas estão a debater na Fundação Gulbenkian, num colóquio internacional que termina este sábado, “o dia triunfal de Fernando Pessoa”. A par deste encontro de três dias, promovido pelo Projecto Estranhar Pessoa, outras instituições, como a Casa Fernando Pessoa ou o Teatro São Luiz, assinalam este sábado essa estranha efeméride que o próprio Pessoa viria a descrever, em carta a Adolfo Casais Monteiro, como “o dia triunfal” da sua vida, o dia em que lhe teria “aparecido” um poeta a quem deu o nome de Alberto Caeiro.

Nessa carta escrita já no final da sua vida, em Janeiro de 1935, Pessoa explica que tivera a ideia de criar um poeta bucólico para “fazer uma partida” a Mário de Sá-Carneiro, mas que já desistira do projecto quando, no dia 8 de Março de 1914, se acercou de uma cómoda alta e escreveu, sob o título O Guardador de Rebanhos, “trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase”. E acrescenta: “aparecera em mim o meu mestre”. Ao qual, diz, chamou de imediato Alberto Caeiro.

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