segunda-feira, 15 de abril de 2013

Livros: História da Inquisição Portuguesa 1536-1821


Há precisamente 20 anos, Francisco Bethencourt revolucionou o modo de escrever a história da Inquisição e, com ela, a de Portugal dos séculos XVI em diante. Antes de mais, demonstrou, através de um cuidada investigação arquivística, que a cultura organizacional do Tribunal do Santo Ofício se pautou por um tipo de racionalidade moderna. Contrariou, assim, a visão tradicional que confundia Inquisição com superstição e forças retrógradas. Depois, elegeu três laboratórios de pesquisa que lhe permitiram não só estudar comparativa e globalmente a Inquisição, enquanto instituição que emergiu das reformas católicas de quinhentos, como ultrapassar as estafadas leituras de um qualquer excepcionalismo inquisitorial lusitano.

A nova História da Inquisição Portuguesa 1536-1821 de José Pedro Paiva e Giuseppe Marcocci segue o mesmo padrão. A pesquisa sistemática conduzida a partir dos livros do Conselho Geral e da correspondência com os tribunais distritais permitiu aprofundar o estudo da Inquisição enquanto poder, dotado da sua própria racionalidade organizativa, confirmando a centralidade da Inquisição e, de um modo geral da Igreja, nos jogos de poder. E, se os autores não adoptam um ângulo comparativo de maneira explícita, devido às solicitações do mercado nacional em relação aos temas de uma história de Portugal, as referências ao sucedido noutros territórios são abundantes e a sua própria formação cosmopolita surge incorporada de maneira implícita.

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