sexta-feira, 27 de maio de 2016

Uma oportunidade perdida

A obra clássica de Jaime Cortesão merecia seguramente um outro tratamento.
A reedição de Os Descobrimentos Portugueses de Jaime Cortesão (1884-1960) poderia ter sido um autêntico acontecimento cultural. Infelizmente, a montanha pariu um rato. A falta de rigor e a ignorância de quem apresenta esta reedição são formas de irresponsabilidade que nenhuma crítica séria pode silenciar. Sobretudo quando os ditos “historiadores de renome capazes de contextualizar e ao mesmo tempo renovar a actualidade de uma obra ímpar” (anúncio do Expresso) se despacham com uma dúzia de páginas de prefácio e um posfácio de três páginas e meia, a que acrescentaram duas pequenas entrevistas ao semanário, quando foi lançado o primeiro fascículo.
Trata-se de uma obra clássica das letras portuguesas, escrita em fim de vida por um dos seus maiores intelectuais e lutadores pela democracia do século XX: em 1940, esteve preso em Peniche e no Aljube; no seu último regresso a Portugal, em 1957, envolveu-se na campanha de Delgado, pelo que voltou a ser detido, quando contava 74 anos, em 1958. A primeira edição foi publicada em fascículos, começados a sair precisamente nesse ano, mas só ficou concluída em 1962, após a morte do autor. 

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