segunda-feira, 30 de maio de 2016

Aproveitar a feira para descobrir os clássicos

É quase uma ilusão quando se pensa que a Feira do Livro de Lisboa é o lugar próprio para encontrar livros antigos e desaparecidos das livrarias. Porque em grande parte essa tradição já deu o que tinha a dar em feiras do milénio passado e agora poucos são os stands que ainda têm fartura de fundos de catálogos. Quanto mais não seja porque muitas edições são pequenas, e os saldos feitos no recinto ano após ano nos restos de coleção vão fazendo rarear os títulos especiais que os leitores iam procurar à Feira do Livro.
Nem os alfarrabistas escapam a esta situação, sendo ali também cada vez menor a possibilidade de se darem com tesouros ao alcance da bolsa do visitante normal. Talvez o colecionador abastado consiga satisfazer a sua pretensão, quanto mais não seja encomendando numa visita e indo buscar o volume na seguinte.


domingo, 29 de maio de 2016

HOJE: RTP2 estreia série documental sobre a PIDE


O jornalista Jacinto Godinho recua ao "período oculto" através de dezenas de testemunhos. A estreia está marcada para as 21.30
Contar a história nunca antes contada da polícia política do Estado Novo. Desenterrar do passado os "rostos invisíveis por detrás da figura de Salazar". É a isto que se propõe a série documental "A PIDE antes da PIDE", que a RTP2 estreia esta noite, pelas 21.30.
Ao longo de nove episódios, o jornalista Jacinto Godinho dá a conhecer "mais de duas dezenas de testemunhas" que viveram nesse "período oculto", especificamente entre 1926 e 1945. O seu objetivo, conta ao JN, é "resgatar anos de jornalismo que não chegou a ser realizado". "Tudo aquilo que foi interessante nessa altura - os golpes, as revoluções - nunca vinham nas primeiras páginas dos jornais. Portanto, há uma história que não se conhece. São coisas que existem em palavras, nos livros, mas que não existem nas imagens. Este documentário aborda muitos desses nomes sem rosto, que estavam invisíveis por detrás da figura de Salazar e que acabariam por desaparecer da memória", explica.
O trabalho feito ao longo de "vários anos", com auxílio do arquivo da RTP, implicou um exaustivo processo burocrático. "Para identificar muitos dos agentes da PIDE nas imagens, precisei de consultar os arquivos de cadastro deles e, para isso, fazer uma série de pedidos à Assembleia da República", revela Jacinto Godinho.
O primeiro episódio, transmitido esta noite, será focado na figura de Agostinho Lourenço, primeiro diretor da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, 1933) e da PIDE (1945). Este que ficou conhecido como o "anjo negro" de Salazar, foi o homem que comandou, durante 25 anos, os serviços secretos portugueses.


A não perder...


Por louvável iniciativa da Embaixada de Portugal, do Instituto Camões e várias instituições da Comunidade, está a decorrer nos belíssimos espaços de La Estancia/PDVSA, uma amostra cultural sobre Portugal.

Termina hoje com duas actividades a não perder:

13 h – Música típica portuguesa
15 h – Grande Concerto de Andrea Imaginario

... e das 10 até às 17 h poderá desfrutar de petiscos portugueses, que lhe farão lembrar os sabores de Portugal.

Visite hoje La Estancia. Não se arrependerá

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Uma oportunidade perdida

A obra clássica de Jaime Cortesão merecia seguramente um outro tratamento.
A reedição de Os Descobrimentos Portugueses de Jaime Cortesão (1884-1960) poderia ter sido um autêntico acontecimento cultural. Infelizmente, a montanha pariu um rato. A falta de rigor e a ignorância de quem apresenta esta reedição são formas de irresponsabilidade que nenhuma crítica séria pode silenciar. Sobretudo quando os ditos “historiadores de renome capazes de contextualizar e ao mesmo tempo renovar a actualidade de uma obra ímpar” (anúncio do Expresso) se despacham com uma dúzia de páginas de prefácio e um posfácio de três páginas e meia, a que acrescentaram duas pequenas entrevistas ao semanário, quando foi lançado o primeiro fascículo.
Trata-se de uma obra clássica das letras portuguesas, escrita em fim de vida por um dos seus maiores intelectuais e lutadores pela democracia do século XX: em 1940, esteve preso em Peniche e no Aljube; no seu último regresso a Portugal, em 1957, envolveu-se na campanha de Delgado, pelo que voltou a ser detido, quando contava 74 anos, em 1958. A primeira edição foi publicada em fascículos, começados a sair precisamente nesse ano, mas só ficou concluída em 1962, após a morte do autor. 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Quatro estreias portuguesas na nova Temporada de música da Gulbenkian onde haverá também Dudamel

O maestro Dudamel, o barítono Thomas Hampson, o compositor Jordi Savall, a cantora Angélique Kidjo, o fadista Ricardo Ribeiro ou a pintura de Bosch como inspiração para uma ópera são algumas das pontes entre pessoas e culturas em destaque na nova temporada de música da Gulbenkian.
Foi apresentada esta quarta-feira a nova temporada Gulbenkian Música 2016-17. Um programa extenso onde os propósitos pedagógicos, com várias formas de fruir a música, e a vontade de intervenção num contexto incerto como hoje – funcionando a música como possibilidade de interligação entre as pessoas – se complementam com uma série de nomes conhecidos, do maestro venezuelano Gustavo Dudamel ao barítono americano Thomas Hampson, que funcionam como potencial de atracção.
Foi o Director do Serviço de Música, Risto Nieminen quem o disse: “a música deve ser para todos”, alertando para o papel que a música pode ter, para lá do entretenimento, no sentido da revelação de novos mundos interiores e exteriores. “A música faz parte da identidade da Gulbenkian” e "a democratização da cultura e da música clássica” é central na sua actividade, afirmou, exemplificando com o sucesso dos Concertos de Domingo, comentados pelos maestros, a preços convidativos.

Visita guiada de Paula Rego com seis ratinhos no pescoço


 A pintora esteve ontem na Casa das Histórias para inaugurar a sua nova exposição, Old meets New.
A nova exposição de Paula Rego na Casa das Histórias, em Cascais, só abria às 18.30 de ontem, mas a pintora decidiu fazer uma "ante-estreia" para a comunicação social, passeando-se pelos seus quadros e explicando a origem de cada um. Diga-se que os futuros visitantes perdem a melhor visita guiada que pode existir para compreender a arte de Paula Rego, ou seja, a interpretação própria da artista.
Não havendo essa possibilidade, reproduz-se mais à frente parte do que disse, sempre acompanhada pela curadora Catarina Alfaro e o autarca Carlos Carreira, que anunciou a oferta de Paula Rego para o acervo da instituição de nove novas obras.
15 minutos depois da hora marcada, Paula Rego recebe os jornalistas. Está sentada num banco que utilizou como cenário para a série inspirada no romance de Eça de Queiroz, O Primo Basílio, com uma boneca atrás. Confundem-se as duas, a boneca de cabelos em cachos dourados e um fato cor de rosa; a pintora de vestido preto com estampados e um colar onde seis ratinhos coloridos de brincadeira lhe ratavam o pescoço.


Rússia: Lançamento da tradução do ”Livro do Desassossego” de Fernando Pessoa em São Petersburgo

Realiza-se no dia 27 de maio de 2016, às 18h30, na Biblioteca Pública Maiakovski, de São Petersburgo, o lançamento da tradução, por Irina Feshschenko Skvortsova, do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. Esta iniciativa resulta de uma colaboração entre o leitorado do Camões, I.P. na Rússia e a Biblioteca Pública Maiakovski, com apoio da Embaixada de Portugal em Moscovo, e da Fundação Cultural Luso-Russa Lusitânia.

No evento participarão a Diretora do Departamento de Literatura Estrangeira da Biblioteca Pública Maiakovski, Irina Totchilkina, o leitor do Camões, I,P. na Rússia, os estudiosos da literatura portuguesa da Universidade Estatal de São Petersburgo, Maria Mazniak, Konstantin Kovalev, para além do representante da editora Ad Marginem, Oleg Klimov .


Design português recebe seis European Design Awards, que em 2017 são no Porto

Teatro Nacional D. Maria II, revista da Fnac ou Porto Sandeman entre os projectos premiados. Porto será a cidade anfitriã da 11.ª edição.
Seis pratas e um bronze para seis agências portuguesas – este é o balanço da participação do design de Portugal nos European Design Awards, que foram entregues sábado em Viena, na Áustria. Depois de, em 2014, a R2 ter sido considerada a Agência do Ano, em 2016 volta a ser premiada e a também portuguesa Bürocratik foi distinguida em duas categorias. A cidade do Porto é a anfitriã da cerimónia de 2017.
Na sala de espectáculos Musik und Theater (MuTh) vienense, os R2, ou os designers portugueses Lizá Ramalho e Artur Rebelo, voltaram a ser distinguidos com uma prata na categoria Company Logo pela nova imagem do Teatro Nacional D. Maria II, um logotipo criado em 2015 por encomenda da nova direcção do teatro. Do logo anterior, que “só valorizava o monumento” através da reprodução da sua fachada, como descrevem os designers no site dos prémios, interpretaram as iniciais DMII (Dona Maria II) e focaram-se na letra M como foco central de um logotipo que é “essencialmente tipográfico”. É o nono prémio para os R2 na história dos prémios.


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Manuel Alegre vence o Grande Prémio de Literatura dst 2016



Escritor vai receber um prémio de 15 mil euros. Por Lusa Manuel Alegre é o vencedor do XXI Grande Prémio de Literatura dst com a obra "Bairro Ocidental", na qual o júri salientou o "reerguer de uma voz de protesto e de indignação", adiantou hoje a organização daquele galardão. 

Num comunicado enviado esta noite à agência Lusa, a organização daquele que já é considerado uma "referência incontornável no panorama cultural português", o Grande Prémio de Literatura dst, explica que o júri destacou ainda na obra premiada o "retrato inconformado da Pátria e das ditaduras" que nos governam, "designadamente a dos mercados" encontrando "evidentes pontos de contacto" com outra obra de Manuel Alegre, a "Praça da Canção", editado há já meio século. 

Correio da Manhã. 

Siza desembrulhou a "prenda" que Portugal quis dar a Veneza

Álvaro Siza foi o foco de todas as atenções na abertura do Pavilhão de Portugal na 15.ª Bienal de Veneza. Onde António Costa defendeu que a arquitectura “é a chave para a integração social e a grande arma contra o medo, a xenofobia e o fecho das fronteiras”.
Chega-se à ilha da Giudecca voltando as costas – mas sem nunca deixar de olhar para trás – ao recorte único da frontaria contígua à Praça de S. Marcos. Ao desembarcar na paragem de vaporetto de Zitelle, o visitante pode escolher entre ver a exposição de fotografia de Helmut Newton – White Women, Sleepless Nights e Big Nudes – no velho palacete Tre Oci, ou o Pavilhão de Portugal, intitulado Neighbourhood – Where Álvaro Meets Aldo, também publicitado num outdoor à borda da laguna.
Como também Siza teve em Veneza, até meados deste mês, uma exposição de desenhos eróticos com o seu colega italiano Carlo Scarpa (1906-1978), na Fundação Querini Stampalia, e porque o tempo agora é da Bienal, seguimos em direcção à arquitectura. Somos guiados pelo painel em que o arquitecto português surge fotografado, como viajante e como um cidadão igual aos outros, nos quatro bairros – Giudecca, Haia, Berlim e Porto – que desenhou desde a década de 1970, quando achou que a habitação social tinha dignidade e importância suficientes para reivindicar a arquitectura.

O britânico que queria libertar Camões

Durante anos, foi o aluno solitário de Português em Oxford. Depois, o único professor. Mas foi essa “solidão” que transformou Tom Earle num dos mais dedicados defensores dos Estudos Portugueses no Reino Unido, durante mais de 50 anos. A Revista 2 falou com ele e percebeu por que razão “infinitivo pessoal” é a declinação rebelde do britânico que se apaixonou pela língua portuguesa por causa da gramática.
Ao receio de ser intrusa num momento quase íntimo entre professor e alunos, sentada, à parte, observando, tirando notas, seguiu-se o espanto, quase estupefacção, ouvindo aqueles miúdos de 19 anos entusiasmados com as viagens de Mendes Pinto, um texto do século XVI que eles leram na íntegra quando nós, em Portugal, lêramos apenas partes, das quais nem nos lembrávamos.
Esta nota pretende esclarecer o que há de especial num professor amado pelos seus colegas e alunos ao longo de 50 anos dedicados ao estudo e ao ensino de cultura e literatura portuguesas em Oxford. Esse encantamento não existe apenas do lado de lá da aula — ele vem do professor, apaixonado pela língua e por Portugal.


terça-feira, 24 de maio de 2016

Chile: Cinema Português presente no Festival de Cinema Europeu

Portugal estará representado na 18ª edição do Festival de Cinema Europeu que decorre no Chile, entre 26 maio e 5 de junho de 2016, com “O Cônsul de Bordéus” (2011), de Francisco Manso e João Correa, e “Alentejo Alentejo” (2014), de Sérgio Tréfaut. Este evento conta com o apoio da Embaixada de Portugal em Santiago do Chile e do Camões, I.P.
O primeiro filme, “O Cônsul de Bordéus”, relata a história verídica de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, que durante a Segunda Guerra Mundial desobedeceu a Salazar e concedeu vistos de entrada para Portugal a cerca de 30 mil refugiados, inscrevendo o seu nome na história da humanidade.
O segundo, um documentário, “Alentejo Alentejo” (2014), de Sérgio Tréfaut, leva o espectador numa viagem ao interior do Alentejo onde se descobrem as paisagens, tradições e modo de vida dos seus habitantes. Uma das mais interessantes tradições nascidas a Sul do Tejo está no cante alentejano, um coro polifónico entoado habitualmente por grupos de homens de todas as idades, embora existam também alguns grupos femininos.


Marcelo promulgou: só se pode ir para o Panteão 20 anos após a morte


Mosteiro dos Jerónimos e Mosteiro da Batalha passam também a ter estatuto de panteão nacional
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou o diploma que altera o regime que define e regula as honras do panteão nacional, refere uma nota publicada esta quarta-feira na página na Internet da Presidência.
Uma alteração no regime prende-se com a deposição no panteão nacional dos restos mortais dos cidadãos distinguidos, que passa a só poder ocorrer 20 anos após a sua morte, enquanto a afixação de lápide alusiva à sua vida e à sua obra pode realizar-se cinco anos após a morte.
As honras de panteão destinam-se a homenagear "cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade".


segunda-feira, 23 de maio de 2016

Feira do Livro de Lisboa com mais pavilhões e novos visitantes - os editores estrangeiros

Regresso do Brasil mesmo em plena crise política e um número recorde de pavilhões marcam edição de 2016, que começa já quinta-feira. Grupo de agentes literários internacionais visita a feira.
A Feira do Livro de Lisboa “é uma feira popular, para os leitores”, diz João Amaral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), mas isso não a impede de querer tentar outra abordagem em 2016 – aproximar-se, tentativamente, às feiras do livro de negócios de Frankfurt ou Londres trazendo editores e agentes literários estrangeiros a visitar a feira que começa na quinta-feira. O regresso do Brasil em plena comoção política e ministerial, o cinema a homenagear Vergílio Ferreira e um número recorde de 277 pavilhões são algumas das novidades da 86.ª Feira do Livro de Lisboa.
É uma experiência, que traz um pequeno grupo de editores ingleses e alemães com o apoio da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal em prospecção ou com intenção de negócio ao expositor do mercado livreiro e editorial português que é a Feira do Livro, explicou João Amaral. No Parque Eduardo VII e com os habituais desejos de bom tempo para bafejar a feira, a conferência de imprensa de apresentação do evento, que decorre de 26 de Maio a 13 de Junho na sua casa habitual, terminou com o anúncio desta tentativa de aumentar o potencial de negócio para as editoras presentes para além das vendas.


sábado, 14 de maio de 2016

Lançamento da Biblioteca Digital Luso-Brasileira foi no dia 10 de maio

As bibliotecas nacionais do Brasil e de Portugal se associaram para o desenvolvimento do portal da Biblioteca Digital Luso-Brasileira, cujo objetivo primordial é disponibilizar, a partir de um único ponto de acesso, os acervos digitais das duas instituições. Trata-se de um esforço conjunto para dar nova dimensão, relevância e visibilidade aos conteúdos culturais em língua portuguesa na internet.


Além dos acervos digitais das duas instituições e dos repositórios digitais nacionais gerenciados por elas – RNOD por Portugal e Rede Memória Virtual Brasileira –, integram a Biblioteca Digital Luso-Brasileira preciosidades como os manuscritos dos séculos XVI e XVIII, pertencentes ao Arquivo Histórico Ultramarino, levantados pelo projeto Resgate Barão do Rio Branco. Esse acervo trata da vida pública e privada dos habitantes das 18 capitanias, que atualmente correspondem a 22 estados brasileiros, entre outros itens.
Tendo como princípio a convergência de esforços e o compartilhamento de recursos, a Biblioteca Digital Luso-Brasileira – como dispositivo de difusão cultural – se posiciona junto a iniciativas colaborativas plurinacionais como a Biblioteca Digital Mundial (https://www.wdl.org/pt/) e a Europeana (http://www.europeana.eu/).
Além dos registros de arquivos digitais o portal disponibilizará conteúdos textuais criados para contextualizar as coleções digitais.


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Poema sobre a Língua...


Língua Portuguesa


Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela 
Amo-se assim, desconhecida e obscura 
Tuba de algo clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela, 
E o arrolo da saudade e da ternura! 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!", 
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! 

Olavo Bilac, in "Poesias" 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Cartas reencontradas de Fernando Pessoa a Mário de Sá-Carneiro

   
 A Assírio & Alvim publica Cartas reencontradas de Fernando Pessoa a Mário de Sá-Carneiro, um livro de Pedro Eiras cuja originalidade, atenção ao detalhe e verosimilhança vão deixar o leitor na dúvida: será isto ficção ou realidade?
Mário de Sá-Carneiro, cujo centenário da morte se assinalou em abril, enviou várias cartas a Fernando Pessoa. Essas cartas são conhecidas e foram, de resto, publicadas num volume na Assírio & Alvim (Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa). Das respostas de Pessoa, por sua vez, sabe-se muito pouco. “Durante décadas, os leitores das cartas de Sá-Carneiro especularam, com fascínio, sobre o que conteriam as cartas de Pessoa: muitas vezes, Sá-Carneiro reage às informações do amigo; noutros passos, coloca questões e faz pedidos, a que Pessoa forçosamente se terá referido na correspondência seguinte”, explica Pedro Eiras na abertura deste livro, onde explica ainda como descobriu, no antigo Hôtel de Nice, em Paris, as cartas que Fernando Pessoa enviara a Mário de Sá-Carneiro entre julho de 1915 e abril de 1916. Essa correspondência deixa entrever o quotidiano de Pessoa, os seus projetos, entusiasmos e dúvidas, cem anos depois de Orpheu

terça-feira, 3 de maio de 2016

Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP

Em 2016 as celebrações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, a 5 de maio, realizam-se em cerca de cinco dezenas de países, com o apoio ou por iniciativa da rede do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.
Esta data comemorativa foi instituída a 20 de julho de 2009, por resolução da XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da organização, realizada na Cidade da Praia, Cabo Verde. Esta decisão fundamenta-se no facto de a língua portuguesa constituir, entre os povos da comunidade, “um vínculo histórico e um património comum resultantes de uma convivência multissecular que deve ser valorizada”.

Em diversas cidades do mundo onde o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP vai ser assinalado, as celebrações, que assumem expressões diversas, são organizadas conjuntamente pelas embaixadas e representantes dos países da CPLP aí presentes.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Portuguesas escritoras antes do século XIX

Escreveram às escondidas, de forma discreta ou sob pseudónimo, porque a sua condição feminina as impedia de ser pouco mais do que esposas e mães. Durante quatro séculos foram muitas as que ousaram escrever e pensar. Mas esta literatura permanece esquecida

     Rainhas, princesas, damas da corte, freiras que viviam nos conventos, todas tinham em comum o raro privilégio de ter algum acesso ao conhecimento, domínio absoluto dos homens. Sabiam ler e escrever, recebiam uma instrução limitada, vigiada e adequada ao papel de mães e esposas, aos deveres religiosos; funções que mais precisavam da graciosidade do que da inteligência. Porém, neste ambiente discreto e controlado, muitas aventuraram-se a pegar na pena e a escrever o que pensavam. E escreveram muito: biografias, novelas, prosa mística, trocaram cartas, fizeram poesia, traduções. Os nomes destas autoras que produziram milhares de textos, entre os os séculos XVI e XVIII, permanecem, na sua maioria, esquecidos na história da literatura portuguesa. Até agora eram  pouco mais de vinte as que lá figuravam, mas uma investigação pelos arquivos nacionais conduzida por Vanda Anastácio, professora de literatura da Universidade Nova de Lisboa, revelou mais de mil mulheres escritoras Uma pequena amostra desse levantamento está reunida na obra “Uma Antologia Improvável – A Escrita de Mulheres”, publicada em 2014.    A autora fala de alguma das mulheres que fazem parte deste universo literário feminino. Entre elas está a infanta D. Maria, filha de  D. Manuel I,  princesa do renascimento que do seu paço fez um centro de cultura, onde as mulheres mais cultas da sociedade quinhentista se reuniam para falar de livros e de arte. Outra referência, figura marcante da cultura do século XVIII, é Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre. A  marquesa de Alorna, neta dos marqueses de Távora, a família acusada pelo Marquês de Pombal de atentado contra o rei D. José,  era reconhecida pelos seus  dotes literários, musicais e nas artes plásticas. Vamos conhecê-las melhor.


Camões atribui bolsas de estudo e de investigação em Língua Portuguesa

São seis as bolsas oferecidas pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua

Os estudantes e professores de português em universidades estrangeiras, interessados em realizar em Portugal um curso de aperfeiçoamento linguístico, encontram essa oportunidade nas bolsas oferecidas pelo Camões, I.P.
O Instituto gere um conjunto de bolsas “destinadas a cidadãos estrangeiros e portugueses através dos quais apoia e promove prioritariamente o estudo e a investigação da área da língua e cultura portuguesas; a formação científica ou profissional na área de português língua não materna; a formação ou o aperfeiçoamento na área da tradução e interpretação de conferências”, como informa na sua página oficial na internet. São seis as bolsas de estudo oferecidas pelo Camões, I.P. para um universo de estudantes ou licenciados estrangeiros e portugueses; professores e investigadores estrangeiros e portugueses; responsáveis de Cátedras de Estudos Portugueses e de Departamentos de Português em universidades estrangeiras.
Cursos de verão e Cursos Anuais
As bolsas para frequência de «Cursos de verão de Língua e Cultura Portuguesas», destinam-se a estudantes estrangeiros e portugueses que residam no estrangeiro e que pretendam aperfeiçoar a sua competência linguística. 
São ministrados em universidades portuguesas ou em instituições reconhecidas pelo Camões, I.P.. O programa realiza-se ao longo e um mês e para 2016/2017, o Camões, I.P. disponibiliza 28 bolsas.
Para os «Cursos Anuais de Língua e Cultura Portuguesas», o Instituto atribui bolsas com o mesmo objetivo dos Cursos de verão e para o mesmo universo de candidaturas. São também ministradas em universidades portuguesas ou em instituições reconhecidas pelo Camões, I.P., mas a duração é maior: oito meses. Para esta bolsa, o Instituto atribuiu 15 vagas


Mundo Português