terça-feira, 10 de novembro de 2015

Em Teu Ventre, entrevista de José Luís Peixoto / Visão...


“Em Teu Ventre” é um livro muito centrado em outras figuras femininas. Além da irmã Lúcia, há também a sua mãe biológica e Nossa Senhora. É um livro a várias vozes?
Sinto que este livro acaba por ter duas dimensões. Uma é mais colectiva, enquanto português, e alguém que está muito marcado por esta história que, sendo do mundo, é muito particularmente nossa. A outra é mais individual. Acaba por ser centrada na questão das mães. Existem diversas no livro. Nomeadamente a mãe biológica de Lúcia, a Mãe Nossa Senhora, Mãe de Jesus e depois uma outra figura que é muito curiosa e à qual eu não resisti e que introduz um elemento literário, que é a mãe do autor. Esta é, ironicamente, a mãe mais ficcional do livro porque não tem grande ligação com a minha própria mãe. Ela é a mãe crítica, consciência, é quase a voz que nós temos na nossa cabeça quando nos preparamos para fazer alguma coisa e temos dúvidas.
(...)
Sentiu o peso da responsabilidade de estar a tocar num assunto como Fátima? Foi maior a exigência para o escritor?
Sem dúvida alguma que sim. Aliás, a nível pessoal talvez tenha sido esse o maior desafio presente na escrita deste livro. Trata-se de algo muito precioso para milhões de pessoas e que em momento nenhum tive a intenção de melindrar, pelo contrário! O meu interesse com este livro foi sempre lançar luz sobre o assunto, contribuir modestamente para o esclarecimento e para uma reflexão colectiva. Ao mesmo tempo, contribuir para uma vivência deste tema de um modo mais sólido que tenha também esta ajuda de todo este mundo contido nestas páginas.


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