quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Cinema: Uma estética do prazer
Em alguns momentos
de Os Maias - por exemplo, nas cenas de Santa Olávia, nas margens do
Douro, com Afonso da Maia (João Perry) -, João Botelho combina as telas
pintadas por João Queiroz com elementos reais dos locais de filmagens (um
chafariz, o recanto de um jardim). Fascinante paradoxo: por um lado, sentimos a
materialidade ancestral de pedras e flores; por outro lado, o declarado
artifício do fundo pintado gera um clima de singular coexistência de
contrários. Apetece evocar a herança de Bertolt Brecht e a sua pedagogia da
distanciação: a coabitação cenográfica do mundo "real" e do mundo
"encenado" pode contribuir para uma relação com a história vivida
(pelas personagens) que não mascare a sua condição de história representada
(para o espectador). Resistimos, enfim, a ser submergidos pelo espetáculo. Texto de João Lopes.
Diário de Notícias.
Etiquetas:
Cinema Português
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