terça-feira, 12 de julho de 2016

Thomas Ostermeier, sintomas de ruptura



Entre Abril e Outubro de 1890, o jovem médico Anton Tchékhov viajou da Sibéria até à ilha de Sacalina, atravessando, no interior de uma carruagem puxada por cavalos e durante três meses agrestes, as enregeladas estepes. Segundo relata o seu biógrafo Donald Rayfield, Tchékhov procuraria através da dureza física da viagem relativizar os seus recentes fracassos artísticos e, em simultâneo, recolher elementos para um livro futuro – passados dois anos, publicaria A Ilha de Sacalina, um lugar que “não tem clima, só mau tempo”. Na colónia penal encontraria muito mais do que material para um livro. Muitos investigadores defendem que durante os meses em que conduziu um censo em Sacalina, foi exposto a formas de vida tão miseráveis que voltaria antes com uma visão desencantada da humanidade da qual não se livrou até ao fim.

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