segunda-feira, 11 de julho de 2016
Ainda o Euro 2016...
Espetáculo. Mesmo com
Ronaldo fora de campo, Portugal bateu os franceses e é campeão da Europa. Mas
depois da festa do futebol vamos ao que interessa: a França é uma grande nação
e merece admiração. (...)
Há
uns anos, o antropólogo Emmanuel Todd destacava os portugueses como os estrangeiros
que mais casavam com franceses. Também aqueles cuja taxa de criminalidade era
das mais baixas. E o L"Express, citando o equivalente do INE, dava os
portugueses e portuguesas de França como os mais ativos no mercado de trabalho,
acima até dos franceses em geral. Gente trabalhadora, como se sabe e tão bem
mostrou o realizador Ruben Alves em Gaiola Dourada, um sucesso lá e cá.
Osfranceses sabem que o Portugal de hoje não é o dos anos 1960, quando para fugir
à pobreza ou à Guerra do Ultramar milhares atravessaram os Pirenéus. Os que nos
visitam ficam surpreendidos com o país moderno; alguns gostam tanto que compram
casa. Em França lê-se e admira-se Lobo Antunes, redescobre-se agora a pintura
de Amadeo, há muito que se reverencia o cinema de Manoel de Oliveira. E, no
início do mês, a Academia Francesa distinguiu Eduardo Lourenço.É antiquíssima a
relação. O pai de D. Afonso Henriques veio da Borgonha. É uma história cheia de
altos e baixos, da presença do CEP em França na Grande Guerra às invasões
napoleónicas. Devemos-lhe o iluminismo e os ideais da Revolução de 1789, mas
também se diga que o maior nome das letras francesas, Victor Hugo, publicou no
DN em 1867 uma carta a elogiar Portugal pela abolição da pena de morte.
O
futebol muitas vezes é visto como campo de batalha. Mas lá por haver vencedor e
perdedor a guerra não tem de continuar fora do campo. Os portugueses
continuarão a ser queridos em França. E a França a ser admirável. Pense-se em
Griezmann, que chorou a derrota. O outro apelido é Lopes. Vive la France.
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