A propósito da calçada
portuguesa cuja construção promove o Centro Portugues, para o qual foi trazida
pedra e “mestre calceteiro” de Lisboa, apresentamos um fragmento do poema Cristalizações,
de Cesário Verde, que tão bem e com tanta sensibilidade se debruçou sobre a
vida da capital...
Faz frio. Mas, depois duns
dias de aguaceiros,
Vibra uma imensa claridade crua.
De cócoras, em linha, os calceteiros,
Com lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam de lado a lado a longa rua.
Como as elevações secaram do
relento,
E o descoberto sol abafa e cria!
A frialdade exige o movimento;
E as poças de água, como em chão vidrento,
Reflectem a molhada casaria.
Em pé e perna, dando aos
rins que a marcha agita,
Disseminadas, gritam as peixeiras;
Luzem, aquecem na manhã bonita,
Uns barracões de gente pobrezita
E uns quintalórios velhos com parreiras.
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