quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Portugueses e brasileiros são "unidos por uma língua completamente diferente"


Jô Soares está em Portugal para dizer poemas de Fernando Pessoa. Mas isso será no espectáculo Remix em Pessoa, que estreia no dia 29 no Teatro Villaret, em Lisboa, onde fica até 7 de Fevereiro. Ontem, numa conferência de imprensa na Casa Fernando Pessoa, o humorista e apresentador brasileiro não cedeu ao pedido de alguém na assistência que queria ouvir um poema. "Estou na casa do homem. Não quero provocar o gigante adormecido", brincou.

Estava a entrar na juventude, tinha 14 anos, quando descobriu Pessoa numa livraria de Paris. Vivia nessa altura com os pais em França e, como não falava francês, comprava livros portugueses para ler: Eça de Queirós, Fernando Pessoa. Começou aí o fascínio por aquele que considera ser o "maior poeta de língua portuguesa" (Camões "era uma coisa que nos era imposta no colégio", e por isso teve menos sucesso junto do jovem Jô) e de quem, a ter que escolher uma frase, escolhe "Malhas que o império tece" (de O Menino de Sua Mãe). "Essa frase eu acho eterna, engloba a história do mundo, é definitiva."

É com sotaque de Portugal que Jô Soares vai dizer Pessoa porque nunca poderia fazê-lo em brasileiro. "Somos unidos por uma língua totalmente diferente", explicou. "Tem coisas em que a unificação da língua não adianta." Os brasileiros "ficaram numa língua meio seiscentista, que antigamente se falava em Portugal", mas para o actor "é fascinante" ver "a evolução de uma língua para um lado e outra para outro".

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