rosto de osso, cabelo rude, boca agra
rosto de osso, cabelo rude, boca agra,
e tão escuro em baixo até em
cima a linha
de ignição das pupilas
¿em que te hás-de tornar, em que nome, com que
potência e inclinação de cabeça?
o rosto muito, o ofício turvo, o génio, o jogo,
as mãos inexplicáveis,
a luz nas mãos faz raiar os dedos,
que a luz se desenvolva,
e a madeira se enrole sobre si mesma e teça e esconda a obra
e retorne e abra e mostre então
a abundância intrínseca,
porque se eriça num arrepio e se alvoroça
o espaço, e brilha quando,
no dia global,
espacial, no visível,
o caos alimenta a ordem estilística:
iluminação,
razão de obra de dentro para fora
— mais um estio até que a força da fruta remate a forma
Herberto Hélder
Poeta e tradutor (Funchal, 23 de Novembro de 1930)
Poema inédito incluído em "A Faca não Corta o Fogo",
a mais recente obra do autor madeirense, publicada nos primeiros dias de Outubro.
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Poema da Semana
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Poema da Semana,
Poesia
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